Fábrica de Ideias 2024: Escola Doutoral Internacional “Os agitados anos noventa, a ´descoberta´ do multiculturalismo e do patrimônio imaterial e a reconfiguração dos Estudos Étnicos e Africanos: perspectivas do Sul Global”.

Texto: 

Período:

24 de agosto a 6 de setembro de 2024

Local: 

Centro de Estudos Afro Orientais (CEAO), Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Instituto Goethe.

 

Factory of Ideas 2024: International Doctoral School

“The Frenzied Nineties, the Invention of Multiculturalism and Intangible Heritage, and the Reconfiguration of Ethnic and African: Perspectives from the Global South”

 Period:

August 24 to September 6, 2024, at the Centre for Afro-Oriental Studies (CEAO), Institute of Philosophy and Human Sciences (FFCH), Federal University of Bahia (UFBA), and Goethe Institute, Salvador.

Resumo:

A edição 2024 da escola doutoral Fábrica de Ideias coincidirá com a comemoração dos 65 anos do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO). A escola doutoral se realiza em duas etapas, uma primeira em formato de simpósio internacional e a segunda como seminário avançado de pesquisa, focado nos projetos de pesquisa dos alunos.

Os anos 1990 assistiram a transformações na paisagem intelectual global, com impactos profundos e duradouros sobre os Estudos Africanos, Étnicos e Afro-Americanos. Além da emergência da própria categoria “Sul Global”, diversos processos convergiram para a reconfiguração desses campos de estudo, notadamente: o ápice do multiculturalismo e o início de sua crise; o advento do patrimônio imaterial como variável em um conjunto cada vez mais amplo de disputas simbólicas e conflitos sociais; a globalização do “pós-colonial”; o início do “giro decolonial”. O “Sul Global” também experimentou transições políticas e econômicas que alteraram o contexto e as condições de produção de conhecimento nesses campos em âmbitos nacionais, com a emergência de vozes e agendas até então silenciadas, em uma situação complexa de fragilização do Estado e reforço da dependência externa. Propomos debater as facetas desse processo de reconfiguração teórica e seus entrelaçamentos a partir do Sul Global.

A Fábrica de Ideias é uma escola doutoral internacional em caráter intensivo sobre estudos étnico-raciais e africanos que promove edições anuais desde 1998, sempre com a preocupação de articular teoricamente esses dois campos e de propiciar espaços de interlocução de abrangência verdadeiramente global, envolvendo pesquisadores em diferentes estágios da carreira acadêmica. Com base no sucesso de experiências anteriores, nesta edição preveem-se diversas modalidades de participação – participantes presenciais das duas etapas do evento (cerca de 40 pesquisadores sênior, 50 em outros estágios da carreira e até 10 detentores de cultura), o público presencial das palestras e conferências públicas (estimado em 200 pessoas) e o público que acompanhará as palestras e conferencias através de transmissão online ao vivo, em qualquer parte do planeta. 

 

Objetivos:

Nosso principal objetivo é proporcionar uma reflexão avançada sobre os campos dos Estudos Africanos e dos Étnicos, com particular atenção às suas inter-relações, e aos impactos de sua reconfiguração a partir da última década do século XX, reunindo um conjunto significativo de pesquisadores de referência oriundos do Sul Global (baseados no Brasil e em outros países da América Latina, Caribe, África e Europa). A Escola Doutoral é voltada para a formação de jovens pesquisadores, entre professores universitários em início de carreira, pós-doutorandos e pós-graduandos, também oriundos de diversas partes do Sul Global, de modo a fortalecer e diversificar nossa rede de interlocução intelectual internacional para além dos tradicionais circuitos que nos ligam aos centros acadêmicos do Norte, fortalecendo a posição do Brasil como um dos principais centros de produção de conhecimento no Sul Global. Nesta edição, pela primeira vez e em caráter experimental e inovador, participarão da escola doutoral ate´ 10 detentores de cultura.

A Fábrica de Ideias, curso avançado de pesquisa em estudos étnicos e africanos iniciado em 1998, é uma iniciativa pioneira no âmbito das instituições universitárias brasileiras, cujo objetivo é fomentar tanto o intercâmbio de pesquisadores em vários estágios da carreira interessados na temática dos estudos étnico-raciais e na interface com os estudos africanos, quanto favorecer a incorporação de uma dimensão comparativa e internacional. A Fábrica de Ideias está associada ao Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos (Pós-Afro), instalado no Centro de Estudos Afro Orientais (CEAO) da Universidade Federal da Bahia, que se constitui num importante instrumento da formação de uma nova geração de especialistas em estudos étnicos e africanos, desde sua fundação há cerca de duas décadas. Ao longo de suas últimas edições, a Fábrica de Ideias funcionou também como um indutor para a consolidação de redes de pesquisa que vinculam o Pós-Afro a outros programas de pós-graduação em diferentes áreas das Humanidades na Bahia (Programas de Pós-Graduação em História, Ciências Sociais e Antropologia da UFBA), em outros estados brasileiros (Universidades Federal e Estadual do Maranhão, Universidade Federal de Pernambuco, Universidade Estadual de Campinas) e, principalmente, em outros países da América Latina (Colômbia, Costa Rica), África (Moçambique, Quênia, Nigéria, África do Sul, Senegal, Burkina Faso, Cabo Verde), Ásia (Índia, Filipinas) e Europa (Inglaterra, França, Alemanha).

A presente proposta trata da XXIV edição da Fábrica de Ideias. Nossa escola doutoral consiste de duas etapas: uma primeira parte mais teórica em caráter de simpósio internacional e uma segunda parte mais pratica, focada nos projetos de pesquisa dos alunos e nos projetos dos detentores de cultura. A primeira etapa reunirá cerca de 50 pesquisadores sênior nacionais e estrangeiros (com ênfase particular em pesquisadores africanos, latino-americanos e caribenhos) durante 4 dias, e tem como objetivo específico avançar na compreensão das transformações ocorridas a partir dos anos 90, que identificamos como um ponto de inflexão, e seus efeitos teóricos e políticos, além de consolidar uma rede internacional de pesquisa em Estudos Étnicos e Africanos. A segunda etapa reunirá cerca de 50 pesquisadores júnior, incluindo professores universitários em início de carreira, pós-doutorandos e pós-graduandos, que serão selecionados por meio de duas chamadas públicas, uma nacional e outra internacional. A este grupo se acrescentam até´10 detentores de culturas, na qualidade de atores essencial em qualquer debate sobre patrimônio. Como forma de otimizar os recursos humanos e financeiros, parte dos pesquisadores sêniores envolvidos na primeira etapa participará da segunda etapa, mais em formato de seminário, dirigindo atividades. O objetivo específico da Escola Doutoral é promover um fórum para o intercâmbio de ideias, objetos de pesquisa, técnicas, conceitos, abordagens e preocupações epistemológicas entre pesquisadores em diferentes estágios da carreira, em diferentes disciplinas acadêmicas e de diferentes contextos geográficos, sociais e culturais, de modo a potencializar o avanço futuro do conhecimento nesses dois campos.

 

Relevância científica:

Desde os seus primórdios, a formação dos Estudos Africanos, Étnicos e Afro-Americanos foi diretamente ligada ao trânsito internacional das ideias e às relações desiguais de produção de conhecimento, como fica evidente no processo de fundação da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA e do Centro de Estudos Afro-Orientais da mesma instituição. Criado em 1998 e realizado anualmente, o seminário avançado Fábrica de Ideias tem sempre privilegiado uma perspectiva Sul-Sul, além de questionar a naturalidade de termos como estudos africanos ou afro-americanos, e sua relativa autonomia – como se fossem campos separados, ou até, em alguns casos, antagônicos. Acreditamos, ao contrário, que esses são dois campos de estudo nos quais história, categorias, biografias e agendas dos investigadores têm sido muito mais emaranhadas do que habitualmente se pensa.

Em vista disso, nossa proposta abordará como a discussão em torno desses campos emaranhados se desenvolveu em diferentes geografias políticas e intelectuais da América Latina, Caribe e África. Nosso objetivo é (re)pensar criticamente genealogias intelectuais a partir de diferentes regiões do Sul Global. Para resolver os problemas aqui propostos, ambos os momentos da Fábrica de Ideias se concentrarão no escrutínio da década de 1990, um período que prometeu mudanças radicais em nossos campos, mas que também foi a década durante a qual se começou com mais força a falar de globalização. Nesse período, assistiu-se, também, à eclosão de severas crises econômicas que afetaram tanto a África como a América Latina, em uma combinação que de fato enfraqueceu o Estado nacional, ao mesmo tempo em que potencializou a emergência de agendas de inúmeros grupos sociais que até então eram reprimidas ou invisibilizadas, fortalecendo apelos e movimentos de democratização no interior de cada país e em redes transnacionais, o que implica redefinir noções fundacionais como democracia, cidadania e libertação.

Desde 1990, o Terceiro Mundo tem se manifestado cada vez mais como ator, e não mais apenas como objeto da pesquisa social e do debate teórico. Houve também um crescimento e uma maior circulação cruzada de vozes críticas, como o Grupo de Estudos Subalternos liderado por Ranajit Guha e o grupo Modernidade/Colonialidade, surgidos antes de 1990, ainda que sua disseminação global continuasse dependendo da validação de centros acadêmicos consolidados do Norte. Não por acaso, essa geografia “pós-colonial” da produção teórica passou, em si, a ser objeto de investigação e teorização por intelectuais do sul. Além disso, houve expansão da produção e tradução de obras do pensamento africano, afro-latino-americano, afro-caribenho e afro-indígena na América Latina (movimento de intelectuais chicanas e indianos junto com brasileiros), bem como o que pode ser caracterizado como um “renascimento étnico” entre os povos de ascendência africana e indígena na América Latina. Por volta de 1990, também se observa o impacto do multiculturalismo, frequentemente associado a medidas de ação afirmativa, como um método para lidar com a diversidade cultural e étnica em países com uma grande população de ascendência africana e indígena no Novo Mundo, e com países que são étnica e culturalmente diversificados em África. A conferência mundial sobre a discriminação racial que se realizou em Durban em 2001 é um exemplo de reverberação da década de 1990 nos anos sucessivos. Isto significou uma mudança bastante radical em termos da cultura acadêmica, que gerou um novo conjunto de “guerras culturais”, acompanhadas por apelos à atenção pública em prol de um novo cuidado para com o patrimônio imaterial, que se fizeram acompanhar da crítica ao domínio do patrimônio material nas políticas de preservação, especialmente no que tange a grupos historicamente subalternos ou discriminados. O multiculturalismo e a concepção das nações como conjuntos plurais, as políticas afirmativas e a politização das identidades raciais e étnicas, os processos de patrimonialização da cultura, as críticas à permanência da dominação cultural e acadêmica ocidental entranhadas na geopolítica do conhecimento, em conjunto, transformaram as condições de possibilidade, a identidade e a relação entre os sujeitos e objetos da pesquisa, e os entrelaçamentos políticos da produção acadêmica nos campos dos Estudos Africanos e Afro-Americanos, especialmente na medida em que esses estudos mobilizam  identidades coletivas e memória.

 

Informações sobre a sociedade ou associação científica e/ou tecnológica que promoverá o evento

A Fábrica de Ideias é um curso avançado internacional e interdisciplinar em estudos étnicos e africanos realizado anualmente, em caráter intensivo, desde 1998. Nascido no Centro de Estudos Afro-Asiáticos da Universidade Cândido Mendes no Rio de Janeiro, o curso se mudou para o Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia em 2002. O formato é o de escola doutoral: cerca 50 alunos de pós-graduação, recém-doutores ou pós-doutorandos acompanham pela manhã aulas e conferências, realizam seminários e debates em torno de um tema que varia todo ano, mas que sempre tenciona propor novidades para as ciências sociais e humanas; pela tarde, os alunos, reunidos em pequenos grupos coordenados por um ou dois docentes, debatem o próprio projeto de pesquisa. Estes grupos de discussão, que fortalecem redes intelectuais e constituem verdadeiros momentos de orientação coletiva, estão organizados em subtemas e recebem muita atenção por parte dos alunos. O sucesso da Fábrica de Ideias se deve, em boa medida, a uma mistura bem dosada de formação intensiva em nível de pós-graduação com workshops nos quais os projetos de pesquisa de cada participante são discutidos coletivamente.

A chamada para o curso é distribuída com antecedência e os candidatos se inscrevem na nossa página web. São depois selecionados por uma comissão que leva em conta currículo, projeto de pesquisa (que seja afim com o tema proposto pelo seminário avançado), carta de intenções e cartas de apresentação escritas por pesquisadores que conhecem os candidatos. A comissão organizadora e de seleção se esforça para fazer com que sempre estejam presentes alunos de fora do Brasil, sobretudo da África e dos outros países da América Latina, e das várias regiões do Brasil, além de mulheres (que são sempre maioria), negros e alunos de regiões e camadas sociais mais carentes. Nosso objetivo tem sido sempre conjugar excelência acadêmica com inclusão social. E temos conseguido, como nossa reputação internacional muito bem atesta.

Sempre que possível, a Fábrica de Ideias realizou atividades de extensão, tanto nas comunidades, como nas escolas médias e em comunidades remanescentes de quilombos e, embora seja uma atividade em nível de pós-graduação, atrai também alunos de graduação da UFBA e de muitas outras IES de nossa região. Para um panorama de nossas 23 edições ver nosso sítio web www.fabricadeideias.ufba.br.

Quando começamos com nosso projeto, em 1998, tínhamos um duplo objetivo. De um lado, contribuir para o desenvolvimento da pesquisa, documentação e treinamento em temas associados à Diáspora Africana e às relações interétnicas em geral, e, de outro lado, criar condições para que pesquisadores juniores em nível de pós-graduação – entre eles um número crescente de negros – sobretudo, de regiões do Brasil fora dos centros principais de produção acadêmica, pudessem se engajar em discussões e redes de trabalho com estudantes e pesquisadores no campo dos estudos étnicos e raciais de outras regiões do Brasil e outros países, especialmente do hemisfério Sul  - os países que hoje são definidos em inglês de global South.  Nossos objetivos gerais têm sido os seguintes:

         a) A criação de melhores condições tanto para a institucionalização e o fortalecimento em nível de pós-graduação dos estudos étnicos e raciais (o equivalente brasileiro para os Ethnic Studies e African-American Studies nos Estados Unidos) quanto para o desenvolvimento dos Estudos Africanos no Brasil. Neste sentido, a partir de 2002, quando o curso se mudou do Rio de Janeiro para Salvador para se instalar no Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) da UFBA, os recursos deste projeto tinham de estar disponíveis também para melhorar as instalações do CEAO, possibilitando que, dentro de um curto prazo, este centro se qualificasse para verbas federais (bolsas para alunos de pós-graduação, recursos para a biblioteca, intercâmbios Sul-Sul, fundos de viagem, organização de seminários e colóquios). Este salto de qualidade se deu quando, em 2005, na UFBA demos início ao Programa Multidisciplinar de Estudos Étnicos e Africanos (Posafro), instalando-o no próprio CEAO.

         b) Contribuir para a internacionalização da pesquisa no Brasil oferecendo aos estudantes do Brasil e de um seleto número de outros países a oportunidade de estarem em contato com acadêmicos de ponta do Brasil e do exterior e de aprender com eles durante o seminário. No Brasil e na América Latina, essas oportunidades de contatos são muito limitadas, particularmente nas pequenas capitais dos estados e nos estados interioranos. Os estudantes do Brasil e do resto da América Latina que estão interessados nestes temas procuram nosso Seminário argumentando, na maioria das vezes, falta de orientação em seus projetos de pesquisa em estudos étnicos e africanos  – o que significa que eles não podem escrever teses nestes tópicos pois existem muito poucos especialistas nestes temas em suas universidades. De fato, a Fábrica de Ideias supre em parte esta orientação específica na pesquisa. Nos países africanos, dos quais temos recebido estudantes até agora, as oportunidades de desenvolver uma perspectiva comparativa sobre relações étnicas e raciais e suas tensões tendem a ser mais reduzidas ainda.

         c) Incentivar perspectivas comparativas no campo dos estudos étnicos e raciais e projetos de pesquisa comparativa, sobretudo no eixo Sul-Sul. Isto significa desenvolver um novo quadro para os intercâmbios Sul-Sul, assim como condições equânimes de trocas acadêmicas entre especialistas brasileiros e instituições do Norte (América do Norte e Europa Ocidental). Uma atenção especial deveria ser dada para melhorar os contatos entre pesquisadores de diferentes institutos da América Latina, África e Caribe. Da mesma forma insistimos para melhorar a qualidade dos intercâmbios com pesquisadores e centros de pesquisa em Estudos Afro-Americanos e Étnicos nos Estados Unidos e na Europa. Melhorar as conexões com especialistas e institutos no Sul é crucial uma vez que tanto nossa epistemologia como nosso ensino são frequentemente baseados em comparações contínuas e muitas vezes complicadas ou até dolorosas entre o Brasil e o Norte. A atenção crítica e especial aos Estudos Negros baseados nos Estados Unidos é de uma natureza um pouco diferente e tem a ver com a ampla e rica tradição desses estudos (o que não é frequentemente apresentado no exterior com toda a sua complexidade). Por outro lado, a excessiva orientação do exercício comparativo rumo aos estudos afro-americanos nos Estados Unidos tem limitado uma comparação internacional mais ampla, que opera internacionalmente sem perder de vista os contextos nacionais. É nossa firme opinião que um intercâmbio entre essas diversas linhas de redes de pesquisa Sul-Sul e a tradição dos Estudos Afro-Americanos nos Estados Unidos possa ser de benefício mútuo – especialmente quando ela se desenvolve num lugar novo, com um ambiente de relações internacionais e comparativas. Nos últimos anos nossa rede internacional tem se desenvolvido no sentido de uma rede que conecta os estudos étnicos com aqueles africanos, em um movimento que tanto identifica a especificidade de cada campo como tenta criar pontos de reflexão em conjunto.

O formato do seminário tem mudado no decorrer do tempo, mas continua em caráter intensivo. Passamos de um seminário com duração de três a quatros semanas, durante as primeiras cinco edições, para um formato mais compacto de nove dias úteis, que correspondem a 60 horas aula – equivalente a uma disciplina de pós-graduação.  O seminário é dividido em cerca de seis módulos coordenados por pesquisadores sênior estrangeiros ou brasileiros. A literatura é enviada aos estudantes com antecedência, para ser lida antes do início do curso.

Durante as 23 edições do curso mais de 1000 estudantes participaram. A partir de 2003, lançamos um edital de seleção internacional para a participação no curso Fábrica de Ideias. Durante os últimos anos aproximadamente 1/4 dos estudantes vieram de fora do Brasil. Temos tido estudantes de Cuba, Moçambique, México, Peru, Equador, República Dominicana, Benin, Trinidad, Cabo-Verde, Bolívia, Argentina, Nigéria, Senegal, Angola, São Tomé, Benin, Quênia e Colômbia. No processo seletivo um esforço é feito para garantir a presença de estudantes de todo o Brasil, sobretudo do Norte, Oeste e Nordeste, assim como estudantes de diferentes disciplinas (antropologia, sociologia, estudos culturais, literatura, economia, história, direito, psicologia social, medicina e artes). Outro esforço é também feito para termos estudantes tanto de mestrado como de doutorado, recém-doutores e pós-docs. Os estudantes que participaram do curso com elevado índice de aproveitamento recebem certificados, o que significa pontos em seus currículos acadêmicos nos respectivos programas de pós-graduação. Isso contribui para o crescimento das demandas do curso nos anos subseqüentes.

A presença de uma maioria de estudantes negros de vários países tem sempre propiciado discussões interessantes sobre classificação racial e a problemática entre os de dentro e os de fora no campo de pesquisa. Essa relativa concentração de intelectuais jovens e negros - que têm escolhido a academia não somente enquanto possibilidade de ascensão, mas também como uma maneira de estarem ouvindo e participando ativamente na sociedade – tem reforçado positivamente a autoestima e confiança desses estudantes. Além disso, o Fábrica de Ideias é o primeiro evento desta natureza, pois aglutina um grupo de jovens intelectuais em sua maioria negros em todo o Brasil para refletir, pensar e crescer juntos. A maioria destes mantém contato depois do curso, frequentemente através de chats, websites e e-mails, ou mesmo em grupos de pesquisa e projetos. A partir desta edição, estamos também convidando um conjunto de detentores de cultura – atores determinantes nos processos de luta em torno do patrimônio cultural, cujos projetos serão debatidos juntos com os projetos de pesquisa dos pos-graduandos e jovens doutores.

A interação entre todos os estudantes, professores e equipe da coordenação tem sido excelente. O seminário avançado Fábrica de Ideias é um momento onde se pode trocar ideias de uma forma não possível em outras instâncias. A mudança de localidade do curso do Rio de Janeiro para Salvador resultou dos esforços do CEAO em se tornar um importante centro de pesquisa para os Estudos Étnicos e Africanos no Nordeste do Brasil. Esta mudança também corresponde ao plano de fazer a Fábrica de Ideias mais representativa da realidade brasileira e a oferecer mais oportunidades para estudantes de pós-graduação do Norte para o Nordeste – as regiões mais pobres e com a maior concentração de população afro-brasileira.  Sua realização em Salvador oferece ao curso um toque especial: uma ágora dentro da polis. Para estudantes vindos de fora da Bahia esta é oportunidade única para conhecer Salvador, uma cidade definida no passado enquanto africana ou Roma Negra das Américas. Para a maioria dos estudantes que têm viajado pouco ou nunca saíram de suas cidades esta é uma oportunidade única para participação num evento internacional, bem como ouvir e ter contato com diferentes línguas. Além de estarem em contato com acadêmicos de excelência que são frequentemente canônicos no campo dos Estudos Étnicos e Africanos (entre outros Paul Gilroy, Lewis Gordon, Achille Mbembe, Michael Hanchard, Carlos Lopes, Elísio Macamo, Mark Sawyer e Walter Mignolo – a lista completa dos docentes e módulos se encontra em nosso site). São estes autores que nossos estudantes têm frequentemente lido, conhecido pessoalmente e com os quais têm tido a oportunidade de discutir, o que proporciona ao Fábrica de Ideias um lugar especial no desenvolvimento acadêmico na América Latina.

É esta necessidade de internacionalizar o debate e a pesquisa que nos estimula a convidar todos os anos professores estrangeiros – também convidamos sempre alguns dos melhores professores da UFBA e outras universidades brasileiras que, por um lado, se beneficiam do ambiente internacional e, por outro lado, apresentam a pesquisa realizada no Brasil para os colegas e alunos estrangeiros. Por estas razões, os professores convidados, que atuam na parte de avaliação do curso, ficam entusiasmados e desejam voltar à Bahia como professores visitantes do curso ou mesmo para atuarem na Pós-graduação em Estudos Étnicos e Africanos. A avaliação final, a qual fazemos com todos os palestrantes, com nossa equipe e com os estudantes, por meio de um questionário assim como de entrevistas individuais com alunos e docentes, prova o sucesso do curso. A cada ano a avaliação final tem sido bastante positiva. Uma característica marcante do curso é o fato deste ser muito bem atendido e de não ter apresentado excepcionalmente nenhuma desistência.

Em resumo, o Curso Avançado Fábrica de Ideias é um projeto de internacionalização desafiador para os três atores envolvidos - a equipe, os alunos e os palestrantes – que é uma história de sucesso. Cada estudante que participa do seminário e todos os palestrantes ficam muito entusiasmados com a experiência. Seus custos são limitados quando comparados aos efeitos no mundo acadêmico brasileiro, assim como o empoderamento e capacitação de uma nova geração de pesquisadores juniores, em sua maioria negros. Nossa reputação nacional e internacional reflete-se no dramático aumento no número de inscrições. Nossa pesquisa de avaliação (em todos os anos os alunos avaliam o curso através de um questionário detalhado) mostra não somente que nossos estudantes vêm de todo o Brasil – não somente das regiões em torno do Rio de Janeiro e São Paulo – mas também quão amplos são os seus interesses.

O Programa Fábrica de Ideias tem sido sempre militante em relação à ação afirmativa e aos intercâmbios Sul-Sul. Começamos a desenvolver ações afirmativas e intercâmbios Sul-Sul antes destes termos começarem a ser usados no Brasil com frequência. Hoje a ação afirmativa é uma realidade consolidada e encontra-se em processo de expansão nas universidades brasileiras – isso cria novos contextos, contradições e problemáticas - e os intercâmbios Sul-Sul têm novamente se tornado uma das prioridades do governo federal brasileiro no que concerne aos intercâmbios acadêmicos.

A grande maioria dos nossos ex-alunos, principalmente aqueles que participaram do curso nos seus primeiros anos, fazem agora parte do mundo acadêmico, sobretudo como pós-doutores, palestrantes e professores juniores. Eles representam no Brasil e, por extensão, em outros países da América Latina e África um grupo seleto e único de intelectuais com um compromisso de justiça social e antirracismo e com forte atuação em várias associações académicas nacionais (Anpocs, Aba, SBPC, ANPUH, ABPN, ABÁfrica etc.). E´ esta grande comunidade de ex-fabricantes que tencionamos consolidar em suas redes por meio do aprimoramento de nosso sítio web fabricadeideias.ufba.br, desenvolvendo um programa para acompanhar em tempo real a produção científica assim como e a atuação acadêmica, artística e na sociedade civil de nossos egressos.

Ao longo destes 25 anos a Fábrica de Ideias tem recebido apoio de várias fontes. Durante os primeiros cinco anos, de 1998 a 2002, recebemos doações da Fundação MacArthur e Faperj (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro). A partir de 2002 até 2013 recebemos uma doação da F. Ford e do Sephis Program for South-South Development. Desde 2014 temos recebido o apoio do Capes-Paep, da F. Ford e do Cluster of Excellence Africa Multiple. Em 2007 e 2018 recebemos uma dotação do CNPq-ARC. Para as edições de 2007 e 2018 recebemos o apoio do CNPq-ARC

 

 

Formato do evento: 

Presencial, com transmissão on-line de todas as palestras e conferencias. As atividades serão posteriormente editadas e ficarão disponíveis gratuitamente na internet para visualização. Estes materiais serão aproveitados, em primeiro lugar, pela comunidade de mais de 1000 ex-fabricantes, que costuma acompanhar as várias edições da Fábrica de Ideias.

 

Principais contribuições do evento em termos de ciência, tecnologia e inovação, com descrição do potencial de impacto do evento para a área do conhecimento em que a proposta está sendo submetida:

 Desde o seu início, tem havido uma interação substancial entre os estudos afro-brasileiros - o estudo das hierarquias raciais e a cultura e identidade que elas geraram - e os estudos africanos realizados no Brasil – o estudo dos fenômenos sociais no continente africano – e também com os estudos afro-americanos nos EUA. Em muitos aspectos podemos até falar de uma história emaranhada desses campos de estudo [Seigol, 2009, pág. X-XIV], onde biografias, emoções individuais e coletivas, projetos de emancipação do racismo e do colonialismo, agendas acadêmicas e políticas são construídas de forma transnacional e o local pode fazer parte do global. O desequilíbrio de poder, no entanto, faz parte desse emaranhado e dentro deste intercâmbio transnacional existem hierarquias, centros e periferias, “ricos” e “pobres”, tensões raciais, projetos e atitudes imperiais, e a colonialidade de uma grande proporção das elites intelectuais nos países do Sul Global. Tal emaranhado pode ser facilmente percebido examinando minuciosamente a trajetória de uma série de cientistas sociais que se destacaram na elaboração dos estudos afro-brasileiros no período entre 1930 e 1970 e que, na maioria das vezes, após fazerem pesquisas no Brasil também realizaram pesquisas no continente africano: E. Franklin Frazier, Lorenzo Dow Turner, Melville e Frances Herskovits, Roger Bastide, Pierre Verger, Charles Wagley, Alfred Metraux e Marvin Harris [Sansone, 2011, 2013]. De uma forma ou de outra, todos eles se relacionavam entre si, como colegas ou até amigos, tinham experiência de pesquisa em estudos étnicos e africanos, e todos também realizaram pesquisas na Bahia. Esses estudiosos e ativistas também estiveram interligados pelo debate que recebeu um grande impulso na Bahia, nomeadamente aquele entre Frazier e Herskovits, que é geralmente definido como o debate sobre a origem da forte incidência de arranjos familiares de tipo matrifocal na população de origem africana no Novo Mundo: tratava-se de sobrevivências da cultura africana ou de adaptação à pobreza e à discriminação [Frazier, 1942, 1943; Herskovits, 1943]. Este tenso debate foi indicativo de uma situação muito mais complexa em torno da questão de como combater o racismo contra pessoas de ascendência africana – enfatizando a sua diferença cultural ou a universalidade da condição humana. A essência deste debate, embora baseado em pesquisas sobre famílias pobres em Bahia, refletiu a tensão entre sociologia e antropologia nos EUA e na política racial dos EUA, mas também levaria mais tarde ao grande evento patrocinado pelo programa da UNESCO dedicado ao estudo das relações raciais no Brasil no período entre 1950 e 1964, com o qual todos esses estudiosos estiveram envolvidos de uma forma ou de outra. Embora de uma forma menos direta, estas perspectivas diferentes ou até opostas incidiram sobre o debate acerca da cultura e da identidade local-nacional durante a luta anticolonial das ex-colónias portuguesas nos anos 1960-1975. Nessa luta, houve uma oposição entre uma perspectiva majoritariamente antropológica focada em enfatizar a diversidade cultural e étnica e uma visão mais sociológica que enfatizava a universalidade da condição humana e a necessidade de negar antigas diferenças étnico-culturais em prol da criação de um novo povo e do novo tipo de homem que viria depois da independência.

Na Fábrica de Ideias, nosso foco está nas conexões, nos cruzamentos e na natureza cosmopolita do nacionalismo, em vez de em uma separação e tensão supostamente intrínseca entre os estudos afro-americanos e africanos ou em uma compreensão estreita e amplamente centrada na nação da construção do nacionalismo. Esta perspectiva ajudará a destacar as diversas conexões diretas e indiretas entre a construção dos estudos afro-brasileiros e a relação intensa, emaranhada e transnacional entre os estudos afro-americanos e africanos nos anos 1940-1970 [ver, entre outros, Seigol 2009].  Além de chamar mais atenção para o trânsito de ideias e noções entre campos de estudos, e não apenas dentro deles, sugerimos dar mais importância às biografias e trajetórias dos estudiosos que se aventuram além da fronteira de um único campo de estudos, na tentativa de suscitar cruzamentos e possibilidades que um foco exclusivo nos limites, na animosidade e nas relações de poder impostas pela geopolítica hegemónica do conhecimento poderia, de outra forma, tornar invisíveis. Grande parte deste emaranhado entre campos de investigação e biografias deve-se ao lugar central que muitas fundações sediadas nos EUA têm desempenhado como fornecedoras de recursos em ambos os campos de estudo. Nos estudos africanos e afro-americanos, embora fundações sediadas nos EUA tenham não estejam presentes em toda a África e ou em toda a Afro-América, eles certamente estiveram ativa em muito mais lugares e contextos do que normalmente se imaginava. Se qualquer história nacional e transnacional da antropologia e disciplinas relacionadas deve considerar naturalmente a geopolítica do conhecimento [Patterson, 2001; Yelvington, 2006, 2011; Parmar, 2012; Guilherme, 2001; Rosenfield, 2014], também é importante “seguir o dinheiro”, perguntando quem financia o quê e porquê.

Comissão organizadora do evento, incluindo a informação sobre a participação nessa instância do responsável pela submissão da proposta:

Coordenador, Livio Sansone - Universidade Federal da Bahia

Pesquisadora Viviane de Oliveira Barbosa - Universidade Federal do Maranhão

Pesquisador Fabio Baqueiro Figueiredo - Universidade Federal da Bahia

Pesquisador Marcelo Moura Mello - Universidade Federal da Bahia

Pesquisadora Jamile Borges da Silva - Universidade Federal da Bahia

Pesquisador Valdemir Donizette Zamparoni - Universidade Federal da Bahia

Pesquisadora Ute Fendler, Universität Bayreuth

Pesquisador Omar Ribeiro Thomaz - Universidade Estadual de Campinas

Pesquisador Claudio Alves Furtado - Universidade de Cabo Verde

Pesquisadora Cristiane Santos Souza - Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira

Pesquisador Márcio André de Oliveira dos Santos - Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira

Pesquisador Jesiel Ferreira de Oliveira Filho -  Universidade Federal da Bahia

Pesquisadora Iacy Maia Mata - Universidade Federal da Bahia

Pesquisadora Magali Almeida

Pesquisador Kleber Antonio de Oliveira Amancio - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Pesquisadora Christine Douxami -França 

Pesquisador Thiago Clemêncio Sapede, PPGH - Universidade Federal da Bahia 

Como se pode desprender da tabela acima, o responsável pela proposta aqui apresentada é também o coordenador do evento. A comissão é integrada por pesquisadores júnior e sênior (vários com bolsa PQ) de diversas IES e disciplinas. Todos eles já participam, há anos, da rede internacional de pesquisa da Fábrica de Ideias. Todos eles já têm participado em uma ou mais edições da Fábrica de Ideias.

 

Informações sobre a experiência do proponente na organização de eventos científicos semelhantes:

 Livio Sansone, proponente deste projeto, professor titular de antropologia e bolsista PQ Nível 1B, tem coordenado a Fábrica de Ideias ininterruptamente desde sua criação em 1998. Longe de ser uma atividade individual, a coordenação é o resultado de um trabalho de equipe e sempre integrada por cerca de seis colegas. Neste caso, em se tratando de uma Fábrica de Ideias mais ampla, que ademais faz parte da celebração dos 65 anos do CEAO-UFBA, a equipe coordenada por Sansone é composta por 15 pesquisadores, além do coordenador. Para além da organização da Fábrica de Ideias, Sansone foi o presidente do XI Conlab que se realizou em Salvador em 2011 com 3000 participantes e, ao longo se sua carreira, tem presidido ou participado da organização de vários simpósios de médio porte, quase sempre apoiados com recursos da Fapesb, Capes e CNPq. 

 

Breve histórico das edições anteriores, incluindo informações sobre eventuais financiamentos pelo CNPq;

A lista completa das 24 edições já realizadas se encontra no www.fabricadeideias.ufba.br

Para os primeiros de anos, de 1998 a 2007, ver https://fabricadeideias.ufba.br/relatorio-de-dez-anos-de-atividades-do-p...

I 1998 Raça e etnicidade na América Latina

II 1999 Saúde reprodutiva e relações raciais

III 2000 Classe, gênero e relações raciais

IV 2001 Novas tendências em estudos étnicos e raciais

V 2002 Novas tendências em estudos étnicos e raciais

VI 2003 Teorias pós-coloniais

VII 2004 Raça e sexualidade

VIII 2005 Colonialismo, nação e raça

IX 2006 “O Atlântico Negro – a circulação transatlântica das Ideias de Raça, Racismo e Antirracismo”.

X 2007 Dez anos da Fábrica de Ideias: a Fábrica das fábricas – Simpósio sobre os dez primeiros anos do projeto  - Nessa oportunidade, fizemos uma reflexão sobre a experiência que singulariza o curso Fábrica de Ideias, nos contextos nacional e internacional, assim como pensamos, conjuntamente, sobre o futuro do projeto. Em razão desse formato, a apresentação de trabalhos no seminário foi apenas para os ex-alunos e professores do curso Fábrica de Ideias. Os alunos do Programa de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos (POSAFRO), ao qual a Fábrica de Ideias está associado, mesmo aqueles que até então não tinham frequentado o Curso Avançado, puderam participar do evento. De fato, a integração entre os estudantes do Pós-Afro, cerca de 60, e os 100 ex-alunos das nove edições do Curso foi muito positiva e fonte de inspiração.

XI 2008 Direitos Humanos e Processos Identitários, em parceria com o IAT

XII 2009 Corpo, Poder e Identidade

XIII 2010 Patrimônio, Memória e identidade

XIV 2011 Diversidades e Desigualdades. Realizada no âmbito do XI CONLAB

XV 2012 Tecnologia, consumo e identidades - em parceria com o Poscom-UFBA

XVI 2013 Património e Identidades

XVII 2015 – Lisboa, ISCTE - Encontros e desencontros nas ciências sociais em língua portuguesa

XVIII 2017 S. Luís e Alcântara (MA) Patrimônio, desigualdades e políticas culturais.

XIX 2018 Macapá (AP) A Fábrica de Ideias das Fronteiras, em parceria com o PPG em Estudos das Fronteiras da UFAP

XX 2019 Salvador – A nova era dos extremos

XXI 2020 Online Pandemia e Utopias - Agendas políticas e possibilidades emergentes

https://www.youtube.com/playlist?list=PLbU9H5V7-pPRg8zEDZ3qMjhumaYJ5Vop1

XXII 2021 Online PANDEMIAS & UTOPIAS: desigualdades duráveis e autoritarismo

XXIII 2022 Maputo - Biografias e Libertação

  

Programação preliminar:

Embora o foco do evento seja a década de 1990, os painéis e as palestras são organizados em quatro eixos cronológicos, cujos limites temporais não são rígidos, sobre a criação e a reconfiguração dos estudos étnicos, afro-americanos e africanos desde a década de 1930.

1. A partir de 1900 a 1960: Os “países subdesenvolvidos” e os Trópicos fazem parte do mundo que muitos hoje chamam de Sul Global como objetos de pesquisa, especialmente por pesquisadores do Norte. Contextos locais específicos (Bahia, por exemplo) são construídos como estações ideais de trabalho de campo.

2. De 1930 a 1970: O surgimento e o desenvolvimento dos estudos afro-americanos e africanos na América Latina e no Caribe e cooperação com a África. O projeto da UNESCO sobre relações raciais realizado no Brasil (1950 53) ressoa não apenas com a cultura afro e estudos americanos, mas também com os estudos africanos. O Pan-africanismo criou as suas “capitais” ou “mecas”, primeiro no coração das metrópoles coloniais (Nova Iorque, Paris e Londres) e depois no continente africano (Dakar, Argel e Dar es Salaam).

3) De 1970 a 1990: Sob a influência do período das independências africanas e caribenhas, o espírito do Tricontinental e o movimento dos direitos civis nos Estados Unidos, o campo dos estudos afro-americanos vai se consolidando (com um Norte e um Sul).

4. O período de 1990 a 2024: O período contemporâneo está cheio de contradições. Por um lado, há ações afirmativas em favor de grupos racializados em países que até então se definiram como mestiços, renascimento étnico na América Latina, significativos avanços em políticas e práticas em torno da memória e do patrimônio imaterial de grupos e populações ate ‘agora subalternas, e na criação de cursos de pós-graduação nas áreas de estudos étnicos e  africanos. Por outro lado, estamos a assistir a uma reconfiguração sócio-econômica e geopolítica de áreas no Sul Global e o avanço do conservadorismo.

A cada um dos primeiros três eixos temporais será dedicada uma mesa redonda. O período de 1990 a 2024 será o foco principal e comporá seis mesas redonda e duas conferencias:

Primeira parte:

22 ago.: 3 mesas redondas, 1 conferência

23 ago.: 3 mesas redondas, 1 conferência

24 ago.: 3 mesas redondas, 1 conferência

 

Segunda parte:

26-31 ago.: 5 oficinas temáticas de pesquisa, 3 conferências

02-06 set.: 4 oficinas temáticas de pesquisa, 3 conferências, 10 sessões de discussão de pesquisas em andamento

 

Etapas de execução, com respectivo cronograma de atividades:

 

Montagem da comissão organizadora: out. 2023-nov. 2023

Convites a pesquisadores sênior: out. 2023- nov. 2023

Captação de recursos complementares: out. 2023-jun. 2024

Planejamento e elaboração do site: fev. 2024-mar. 2024

Elaboração da programação detalhada do evento: fev. 2024-mar. 2024

Divulgação das chamadas para participação no Seminário: mar. 2024

Resultado das chamadas para participação no Seminário: maio 2024

Produção do evento: jun. 2024-ago. 2024

Realização do evento: ago. 2024-set. 2024

Edição do material audiovisual: out. 2024-nov. 2024

Edição do livro: ago. 2024-dez. 2024

 

Informações sobre público-alvo e participantes do evento, incluindo quantidade prevista:

O objetivo da Fábrica de Ideias 2024 é reunir cerca de 50 pesquisadores especialistas nacionais e estrangeiros (com ênfase particular em pesquisadores africanos, latino-americanos e caribenhos) durante os primeiros quatro dias da escola doutoral e, por toda a duração da escola, 50 pesquisadores júnior, alunos de pós-graduação, recém-doutores e pesquisadores de pós-doutorado que serão selecionados por meio de duas chamadas públicas, uma nacional e a outra internacional. 

Além dos pesquisadores e estudantes selecionados, graças à parceria com o IRD, serão mais vinte participantes que fazem parte da rede sobre herança afro-ameríndia, selecionados por um comitê de toda a América Latina - 50% mulheres, 50% ativistas culturais, 50% pesquisadores e 50% de outros países além do Brasil.

As palestras e conferências serão transmitidas em streaming assim como publicados na página do YouTube do Pós-Afro, atingindo um público muito mais amplo. As gravações, ademais, serão aproveitadas como insumos para outros seminários de pesquisa e para a organização de disciplinas em nível de pós-graduação.

 

Lista dos pesquisadores convidados para a escola doutoral Fabrica de Ideias XXIV:

Américas:

 

Stephen Small (UCBerkeley); Kevin Yelvington (University of South Florida); Guillermo Navarro (U. Costa Rica); Alberto Granado (Casa de Africa, Havana); Alejandro Frigerio (Conicet, Argentina); Jhon Anton Sanchez (IAEN, Equador)

 

Franca:

Capucine Boidin (IHEAL, Sorbonne Nouvelle); Stefania Capone (EHESS); Kadja Tall (EHESS); Michel Agier (EHESS) 

 

Suíça:

Elísio Macamo (Universidade de Basileia) 

 

Alemanha:

Ute Fendler (Universidade de Bayreuth)

Ute Fendler, chair "Romance Literary and Comparative Studies”, University of Bayreuth (Germany), co-spokesperson of EXC Africa Multiple (since 2019):  Recent publications: with A. Mbaye/V. Azarian (eds.): Archeology of the Future: African cinema and imaginary. München: AVM, 2018; with K. Fink/N. Siegert/U. Vierke: Revolution 3.0: Iconographies of social utopia in Africa and its diasporas. München: AVM, 2019; “Lusophone Filmmaking in the realm of transnational African cinemas: from ‘global ethnic’ to ‘global aesthetics’.” In: L. Apa/ P. de Sousa Aguiar de Medeiros: New Essays on Contemporary Lusophone African Film: Transnational Communities/Alternative Modernities. Routledge, 2020, 33-51.

 

GB:

Paulo Farias (U. Birmingham) *

 

África:

Colin Darch (SSRC, ZA), Paolo Israel (UWC, ZA); Yung Ran Forte (UWC, ZA); Ciraj Rassool (UWC, ZA); Chapane Mutiua (UEM); Carlos Fernandes (UEM); Teresa Cruz e Silva (UEM); Patrícia Godinho Gomes (CODESRIA); Cláudio Furtado (UNICV); Muyiwa Falayie (U. Lagos); Tom Mboya (Moi University); Enocent Msindo (Rhodes University, ZA)

Teresa Cruz e Silva – Universidade Eduardo Mondlane

0000-0003-4782-0666

Teresa Cruz e Silva é historiadora social. Atualmente é Professora Catedrática

aposentada da Universidade Eduardo Mondlane, embora em regime de tempo parcial

no Centro de Estudos Africanos (CEA) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM),

onde desempenha diversas outras funções, desde 1976. Como investigadora

independente, participa em diversas redes de pesquisa e programas de pesquisa. Os

seus interesses de investigação são: História Social Contemporânea de Moçambique e

da África Austral; movimentos de libertação e nacionalismo em África; redes sociais,

religião e sociedade; juventude e identidades sociais, estudos sobre gênero e indústrias

extrativas.

 

Carlos Fernandes – Universidade Eduardo Mondlane

0000-0003-2988-739X

Carlos Fernandes é doutor em Estudos Africanos pela Universidade Federal da Bahia

(UFBA), com pós-doutorado na Universidade de Western Cape, África do Sul (2012-

2013), e na Universidade de Basileia, Suíça (2015). É investigador auxiliar no Centro

de Estudos Africanos (CEA) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM). Os seus

interesses de investigação centram-se na sociologia do conhecimento em África e na

história intelectual de Moçambique, sobre o que vem publicando capítulos e artigos

em importantes periódicos internacionais.

 

Chapane Mutiua – Universidade Eduardo Mondlane

0009-0000-1819-8682

Chapane Mutiua é doutor em Estudos Africanos pela Universidade de Hamburgo,

Alemanha, e mestre em Estudos Históricos pela Universidade da Cidade do Cabo,

África do Sul. É investigador do Departamento de Estudos Históricos e Políticos do

Centro de Estudos Africanos (CEA) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM). Os

seus interesses de investigação concentram-se sobre a relação entre religiões e

sociedade, e entre o saber local e o discurso da modernidade e do desenvolvimento,

incluindo a história do Islã e cultura islâmica no Oceano Índico Ocidental; a língua e a

cultura swahili e as identidades transnacionais na África Oriental e Austral; a

investigação de manuscritos swahili e islâmicos, assim como a relação entre a literacia

ajami e a formação das elites na costa swahili.

 

Ciraj Rassool – University of the Western Cape

0000-0001-7269-2796

Ciraj Rassool é professor sênior de História na Universidade de Western Cape (UWC),

onde também leciona Estudos de Museus e Patrimônio e Curadoria. Entre as suas

publicações mais recentes estão The Politics of Heritage in Africa: Economies,

Histories and Infrastructures (Nova Iorque 2015), coeditado com Derek Peterson e

Kodzo Gavua; Rethinking Empire in Southern Africa (publicado como Journal of

Southern African Studies, 41, 3, 2015), coeditado com Dag Henrichsen, Giorgio

Miescher e Lorena Rizzo; História instável: fazendo passados públicos sul-africanos

(Ann Arbor, 2017), escrito com Leslie Witz e Gary Minkley; e Missing and Missed:

Subject, Politics, Memorialisation (publicado como Kronos: Southern African

Histories, 44, 2018), coeditado com Nicky Rousseau e Riedwaan Moosage. Ele atuou

nos conselhos do Museu do Distrito Seis, dos Museus Iziko da África do Sul, da

Agência de Recursos do Patrimônio Sul-Africano e do Conselho do Patrimônio

Nacional da África do Sul. Anteriormente presidiu o Comitê Científico do Conselho

Internacional de Museus Africanos (AFRICOM) e é membro do Conselho Consultivo

Científico para o estudo da Coleção de Antropologia Física “Felix von Luschan” no

Staatliche Museen em Berlim, Alemanha. Foi recentemente nomeado para o Comitê

Consultivo Sul-Africano para a Restituição e Repatriação.

 

Colin Darch – University of the Western Cape e Human Sciences Research Council

0000-0003-3208-7748

Colin Darch é um documentalista e historiador sul-africano, doutor em Análise Social

e Econômica pela Universidade de Bradford, Inglaterra. Está aposentado e atualmente

ocupa cargos honorários de pesquisa na Universidade da Cidade do Cabo, na África

do Sul, no Conselho de Pesquisa em Ciências Humanas e na Universidade Federal de

Pernambuco, no Brasil. Desde a década de 1970 tem trabalhado em universidades e

instituições de investigação na Etiópia, Tanzânia, Moçambique, Zimbábue, Brasil e

África do Sul, escrevendo principalmente sobre temas moçambicanos e sobre a

economia política da informação. As suas publicações mais recentes são uma

coletânea de textos de Aquino de Bragança, traduzidos para inglês e coeditados com

Marco Mondaini, e Um dicionário de história e sociedade moçambicana, coeditado

com Amélia Neves de Souto (Cape Town: HSRC Press, 2022). Uma coletânea de

textos intitulada Pan-Africanismo e as Perspectivas para a Unidade Africana na

década de 1960, coeditada com David Hedges, será publicada pela UFPE em Recife

em 2022.

 

Paolo Israel – University of the Western Cape

0000-0001-5322-0929

Paolo Israel é professor associado do Departamento de História da Universidade de

Western Cape. Tem pesquisado e escrito nas áreas da performance, oralidade e magia,

com foco no norte de Moçambique. A sua monografia In Step with the Times: Mapiko

Masquerades of Mozambique (Athens: Ohio University Press, 2014) traça a trajetória

no século XX de uma tradição de máscaras, centrando-se no desempenho e nos

compromissos políticos. Editou um número especial da revista Kronos, “The

Liberation Script in Mozambican History” (2013) e Out of History: Re-imagining

South African Pasts (Cidade do Cabo: HSRC Press, 2016), com Jung Ran Forte e

Leslie Witz. Faz parte da equipe editorial da Kronos e do conselho consultivo do

Journal of Southern African Studies. No centro de seus interesses atuais está a questão

da escrita histórica experimental. Concluiu recentemente A Guerra dos Leões Mágicos

de Muidumbi, uma etnografia narrativa polifônica; e atualmente conduz uma pesquisa

sobre a história do massacre de Mueda em 16 de junho de 1960 em Moçambique.

 

Enocent Msindo – Rhodes University

0000-0002-3820-5250

Enocent Msindo é o Diretor do Centro de Estudos Africanos da Universidade de

Rhodes, bem como o atual Reitor da Faculdade de Humanidades. É doutor em História

pela Universidade de Cambridge, Inglaterra. Trabalhou numa série de problemas da

história africana, incluindo questões de etnicidade e nacionalismo; língua e identidade;

história social da medicina, bem como outras questões temáticas mais amplas nos

estudos africanos. Atualmente trabalha na organização de três livros, dois sobre a

covid-19 e um sobre comunidades à margem do estado. Msindo éum dos editores da

série editorial “Africa Multiple : Contributions to the Study of Africa and Its

Diasporas”, da editora Brill, Holanda.

 

Tom Michael Mboya – Moi University

0000-0003-2234-9716

Tom Michael Mboya é Professor Associado na Escola de Artes e Ciências Sociais da

Universidade Moi, no Quênia, onde também realizou toda a sua formação

universitária. Foi Diretor de Programas Acadêmicos do Odera Akang'o Campus

College da Univversidade Moi (2016 a 2020) e Chefe do Departamento de Literatura,

Estudos de Teatro e Cinema da Moi University (2014 a 2016). Mboya é atualmente

Diretor Acadêmico do African Cluster Centre da Universidade Moi. Mboya é também

a Pessoa Focal da Universidade Moi do projeto “Recalibrating Afrikanistik”, uma rede

de investigadores das universidades de Bayreuth, Köln, Leipzig (Alemanha), Wukari

(Nigéria), Moi (Quênia) e Stellenbosch (África do Sul). Foi professor visitante na

Universidade de Witwatersrand, na África do Sul. Tem diversos artigos publicados em

importantes periódicos quenianos e de outras partes do continente africano. Mboya é,

também, um poeta publicado e um premiado contista. Além disso, ele publica extensivamente nos meios de comunicação quenianos.

Brasil:

Antônio Sérgio Guimarães (USP) cpf 065.202.865-91

Omar Thomaz (UNICAMP) cpf 14667187816

Luiza Nascimento Reis (UFPE) CPF: 014.222.225-94

Marcia Lima (USP) cpf 00742251705

Petrônio Domingues (UFS) cpf 180266738-59

Brice Sogbossi (UFS) CPF 053 674 557-94.

Viviane Barbosa (UFMA) CPF 988.342.073-00

Laura Moutinho (USP) CPF 940.073.147-72

Antonadia Borges (UNB) CPF 73480134068

Paulo Müller (UFFS) CPF 994.168.080-91

Melvina Araújo (UNIFESP) cpf 53527488987

Evaldo de Barros (UFMA) cpf 93518951300

Luena Pereira (UFRRJ) cpf 02143458746

 

UFBA

Fábio Baqueiro (PPGH e Pós-Afro)

Iacy Maia (PPGH e Pós-Afro)

Jamile Borges (Pós-Afro)

Marcelo Mello (PPGA e Pós-Afro)

Jesiel Filho (Pós-Afro)

Valdemir Zamparoni (Pós-Afro)

Magali Almeida (Pós-Afro)

Livio Sansone (PPGA e Pós-Afro)

 

Disponibilidade efetiva de contrapartida, de infraestrutura e de apoio técnico para o desenvolvimento do projeto: 

O CEAO dispõe de salas e infraestrutura para a realização presencial de encontros de médio porte e da conexão web em alta frequência para viabilizar a transmissão em streaming de qualidade. O Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) foi estabelecido em 1959, no espírito Sul-Sul em torno da Conferência de Bandung, como centro de documentação e pesquisa especializado na cultura afro-baiana e no estudo da África e Sul global em geral. O centro está agora localizado em um amplo edifício no Centro de Salvador, com salas de encontro, uma biblioteca especializada em afro-Bahia e estudos africanos, e algumas salas para professores visitantes e estudantes. O CEAO possui um museu digital especializado em temas afro-brasileiros e desenvolve atividades de pesquisa e seminários sobre uma série de temas: religiões afro-brasileiras, desigualdades raciais, políticas de inclusão na universidade além de temas mais propriamente ligados aos estudos africanos. O centro dispõe de apoio técnico e de secretaria para nosso evento, que também se beneficiará com o apoio de bolsistas de IC associados aos projetos instalados no CEAO. No CEAO tem se formado um ambiente acadêmico interessante entre professores e visitantes, júnior e sênior, de países africanos, outros países da América latina, Estados Unidos e Europa. A homepage, em português e – a primeira deste tipo na UFBA – em inglês: www.ceao.ufba.br inclui informações detalhadas sobre o Programa Fábrica de Idéias assim como sobre o Museu Afrodigital https://afrodigitalmuseu.uni-bayreuth.de/. Na última década o CEAO tem recebido doações da Fundação Ford, Sephis Program, Prins Claus Foundation, FINEP, Fapesb, CNPq e Capes. A partir de 2017 o CEAO e o Posafro são um centro afiliado ao Cluster of Excellence Africa Multiple da Universidade de Bayeruth - https://www.africamultiple.uni-bayreuth.de/en/index.html. Por tudo isso, o CEAO tem se tornado um destacado centro de pesquisa, baseado no treinamento e na pesquisa em estudos étnicos e diaspóricos com uma perspectiva genuinamente Atlântica e internacional comparativa. O CEAO publica duas vezes por ano a revista Afro-Ásia (Qualis A1) - www.afroasia.ufba.br.

Em 2024 o CEAO cumpre 65 anos e a próxima edição da Fábrica de Ideias será também uma homenagem a este importante centro do Nordeste e inclui um painel sobre a história do centro.

 

Estimativa dos recursos financeiros de outras fontes que serão aportados pelos eventuais parceiros públicos e privados:

A edição 2024 da Fábrica de Ideias resulta de parcerias e colaborações estabelecidas nas últimas décadas, inclusive com antigos estudantes (fabricantes). Em primeiro lugar, vale a pena salientar a rede colaborativa que temos com pesquisadores e núcleos de estudos étnicos e africanos que une a UFBA, a UFMA, a UFPE e a UNICAMP. Esta rede permite otimizar recursos, por exemplo, consórcios, para permitir a vinda de pesquisadores africanos que circulam pela quatros IES. Este tipo de consórcio é particularmente importante para as universidades do Nordeste, que geralmente carecem de recursos para este tipo de atividades de internacionalização. Os PPGs envolvidos se responsabilizarão por passagens e diárias dos convidados brasileiros e membros da equipe, com verba PROAP/CAPES. O apoio do Cluster of Excellence Africa Multiple da Universidade de Bayreuth (Alemanha) é essencial para fazer da Fábrica um evento verdadeiramente internacional e garantir a presença de estudantes e acadêmicos (que também podem lecionar na escola de doutoramento) das suas quatro escolas de doutoramento, dos seus quatro centros em África, bem como, se possível, de outros centros parceiros em África, Ásia e resto da América Latina e da escola doutoral BIGSAS na Universidade de Bayreuth. Nós planejamos refinar o escopo e o tema desta edição da escola doutoral em contato direto e em cooperação com os nossos colegas nos quatro centros do Cluster em África (nas universidades de Rhodes, Moi, Ouagadougou e Lagos). O Cluster já dedicou três simpósios (em Bayreuth, Seul e Grahamstown, África do Sul) assim como diversas publicações para revisar a construção e a prática dos estudos africanos, inclusive no Sul Global e no Extremo Oriente. Também buscaremos o apoio do IRD (Instituto de Pesquisa sobre o Desenvolvimento, França), especialmente no que diz respeito ao módulo 4 sobre patrimônio. Este módulo está a ser organizado em parceria com a investigadora do IRD Christine Douxami. Já recebemos o apoio do CNPq e esperamos também poder contar com o apoio da Capes e da Fapesb, para possibilitar a participação de estudantes e acadêmicos de outros Estados do Brasil, e com o Consulado Francês em Recife para custear a participação de renomados pesquisadores que pretendemos convidar. O Instituto Goethe de Salvador nos apoiará disponibilizando seu excelente teatro para nossas sessões de abertura e as conferências públicas. 

 

Plano de Divulgação Científica:

Os trabalhos apresentados serão editados e publicados em formatos de livro impresso e digital em duas versões, inglês e português. A Fábrica de Ideias 2024 será presencial, mas também transmitida on-line e divulgada por nossas redes internacionais assim como por nossas páginas de Facebook, Twitter e Instagram. As gravações das palestras e conferências serão editadas e disponibilizadas no sítio da Fábrica de Ideias assim como naquele in inglês do Cluster.