Relatório de dez anos de atividades do Programa Fábrica de Idéias 1998-2007

Texto: 

CURSO FÁBRICA DE IDÉIAS

RELATÓRIO DE UMA EXPERIÊNCIA DE DEZ ANOS

(1998 - 2007)

Por Ângela Figueiredo

Salvador, Março de 2007

FÁBRICA DE IDÉIAS

Relatório de uma experiência de dez anos

 

O curso avançado em estudos étnico-raciais “Fábrica de Idéias”, iniciado em julho de 1998 é o resultado de uma iniciativa pioneira no âmbito das instituições universitárias brasileiras, cujo objetivo é fomentar tanto o intercâmbio de professores e alunos da pós-graduação interessados na temática das relações raciais, quanto favorecer o olhar comparativo acerca deste mesmo tema. A ênfase na dimensão comparativa resultou da constatação de que embora dispuséssemos de uma razoável produção bibliográfica acerca das relações no Brasil, a perspectiva comparativa era freqüentemente limitada aos Estados Unidos. Neste sentido, caberia indagar se a comparação com a sociedade estadunidense resulta de uma escolha ou reflete o nosso desconhecimento acerca de outros contextos sociais.

Na concepção inicial do curso, o principal objetivo era atender à demanda de alunos negros, pós-graduandos sobretudo nas Ciências Sociais e em História, que estivessem interessados em ampliar a reflexão das relações raciais. Naquele momento, observávamos um relativo aumento da presença de alunos negros nos cursos de pós-graduação que constantemente mencionavam problemas relativos à formação, sobretudo no que diz respeito à pequena oferta de disciplinas que abordassem o tema das relações raciais e as dificuldades em encontrar orientação nessa área específica; não menos importante era a escassez de bibliografia especializada em suas regiões, principalmente para os alunos que estavam fora dos grandes centros de produção acadêmica, Rio, São Paulo e Brasília.

Com relação ao primeiro aspectos, os problemas relativos à orientação, a reflexão de algumas alunas da primeira turma da Fábrica de Idéias é bastante ilustrativa:

 

A queixa mais freqüente observada nas perguntas abertas foi a de alguns estudantes dizendo que estavam sendo orientados por professores especializados em linhas de pesquisa totalmente diferentes do seu tema de pesquisa. Por exemplo, houve depoimento de um estudante que gostaria de trabalhar com o recorte raça e gênero na sua tese, mas o único professor considerado da área de relações raciais do departamento era um especialista em religião afro-brasileira. Outro, gostaria de estudar movimento negro na década de 70, mas seu orientador apenas pesquisava quilombos no século XVII.

(...) Ou seja, não há orientadores para atender a uma demanda, mesmo que restrita, de temas proveniente do interesse dos estudantes. Mas, ao contrário, o estudante deve adequar o seu interesse à disponibilidade da linha de pesquisa do professor-orientador.[1]

 

Visando atender às demandas mencionadas, o curso Fábrica de Idéias tem utilizado algumas estratégias: 1- adaptando o conteúdo dos módulos aos temas mais recorrentes nos projetos do ano anterior; 2- disponibilizando uma bibliografia extensa que pode ser utilizada posteriormente ao curso; 3- mantendo, há quatro anos, o módulo II - Teoria da Etnicidade, ministrado pela professora Giralda Seyferth - dada a importância que este curso tem na formação os alunos.

O curso Fábrica de Idéias tem se constituído como uma experiência ímpar no sentido de contribuir para a formação e intercâmbio de pesquisadores de diferentes regiões e países, e por que não dizer que a Fábrica de Idéias é também o lugar de encontro dos vários sotaques.

 

2- A primeira experiência

 

O primeiro curso Fábrica de Idéias ocorreu em julho de 1998, no CEAA (Centro de Estudos Afro-Asiáticos), da Universidade Candido Mendes, no Rio de Janeiro. Ainda hoje recordamos com saudades daquele primeiro evento e lembramos os desafios que aquele encontro possibilitou. Já na primeira edição do curso ficamos impressionados com o número de candidatos (70 inscritos) interessados em participar da Fábrica de Idéias e tínhamos curiosidades em saber se aquela demanda seria constante. Surpreendentemente, a demanda do curso tem aumentado; neste último ano (2003), foram 225 inscritos pós- graduandos, cinco doutores e cerca de 30 candidatos com o curso de especialização, a maioria de muito bom nível. Mais uma vez, ficamos entusiasmados com o interesse despertado pelo curso, bem como pelas características do grupo selecionado, com o qual procuramos contemplar candidatos de diversas regiões do país e em diferentes níveis de suas trajetórias acadêmicas. Mas, ainda que esse expressivo aumento do número de candidatos nos deixe felizes, no sentido de que temos o reconhecimento da importância do curso na formação dos pesquisadores, ficamos bastante angustiados com o fato de termos que excluir um número cada vez maior de candidatos.

Na sua primeira edição, o curso Fábrica de Idéias teve quatro semanas de duração, com oito módulos temáticos com 20 horas cada, acrescidos de cinco palestras noturnas, perfazendo um total de 170 horas. A primeira turma foi composta por 31 alunos brasileiros pós-graduandos e dois alunos estrangeiros. Cerca de 80% dos participantes eram negros e mestiços e todos desenvolviam pesquisas na temática racial. Diferente dos alunos brasileiros que eram financiados (passagem, hospedagem, alimentação, material didático e uma bolsa que cobria os pequenos gastos do mês), os primeiros alunos estrangeiros arcavam inteiramente com as suas despesas.

A cada ano, o curso Fábrica de Idéias conta com a presença de pelo menos dois professores estrangeiros (conforme os programas em anexo). Os professores da Fábrica de Idéias, além de ministrar aulas, auxiliam os alunos nos projetos de pesquisa e alguns dos alunos despertaram interesse em desfrutar da bolsa sanduíche – uma das alunas da Fábrica de  Idéias foi para a Universidade de Yale –, enquanto outros mantêm contato com os professores durante a realização de suas pesquisas, ou seja, a experiência da Fábrica de Idéias muitas vezes se amplia para além do contato inicial de três semanas.

A proficiência na língua inglesa era um dos critérios contido no edital do primeiro curso; logo percebemos que se procedêssemos dessa forma na seleção, excluiríamos grande parte dos candidatos negros, já que o domínio desse idioma quase sempre é indicativo de cor e de classe no Brasil. Já na primeira turma observamos que os alunos criavam diversas estratégias para superar a deficiência na leitura dos textos indicados: em alguns casos eles formaram grupos de estudos e, em outros, uma pessoa traduzia o texto para eles – o importante era que todos lessem o texto em tempo hábil.

Já no primeiro curso pretendíamos fazer uma publicação com os trabalhos finais dos alunos da Fábrica de Idéias; chegamos, inclusive, a pensar em atrelar o certificado do curso à entrega do texto a ser publicado, decisão não posta em prática pelo fato de que somente 40% dos alunos entregaram o texto no tempo acordado. Almejávamos, também, fomentar a existência de uma rede de pesquisadores negros, em que fosse possível trocar textos e informes dos mais variados. Alguns dos alunos inclusive abraçaram essa idéia e iniciou-se um contato via e-mail que só não foi mantido pela ausência de um lugar ou uma pessoa que centralizasse esse trabalho. Ainda consideramos necessário e oportuno retomar essas propostas que não foram levadas a cabo, mas reconhecemos a necessidade de que essas propostas sejam assumidas institucionalmente.

 

3- Avaliação dos alunos

 

A permanência do aluno no curso esta condicionada à aprovação em cada módulo, bem como à avaliação semanal, por parte da coordenação, que leva em conta freqüência, interesse e rendimento em cada um dos módulos, bem como condições gerais de entrosamento e participação.

No que se refere aos conteúdos das disciplinas, os professores do curso têm total autonomia na forma/maneira de avaliar os alunos. Freqüentemente, eles fazem duas ou três questões para que os alunos respondam e devolvam até o último dia de aula.

 

3.1- Quando somos avaliados

 

Desde o primeiro ano, no final do curso os alunos preenchem um questionário em que avaliam não somente os módulos específicos (conteúdos e professores), mas todo o curso. Após a primeira experiência, os participantes consideraram que era exaustivo o número de horas de aula, bem como registraram a ausência de um módulo em que eles pudessem trocar experiências de pesquisa. Atendendo a estas sugestões, reduzimos uma semana do curso e incluímos um módulo em que cada participante tem cerca de 20 minutos para apresentar o seu projeto pesquisa, enquanto os demais participam com sugestões bibliográficas e comentários. Esse módulo tem se revelado como um momento importante para o intercâmbio dos alunos.

No questionário de avaliação também solicitamos que os alunos sugiram até dois temas a serem abordados no ano seguinte e pedimos que indiquem os nomes dos professores para ministrar as disciplinas. Na medida do possível incorporamos as sugestões dos alunos aos módulos. 

 
4- Infra-estrutura

 

Do ponto de vista da infra-estrutura, disponibilizamos cerca de cinco computadores com acesso à internet para serem utilizados pelos alunos em atividades relacionadas ao curso. O uso desses computadores ocorre em horário não conflitante com as atividades do curso. Além disso, os alunos recebem uma cópia de todos os textos indicados nas bibliografias de cada módulo. Fazemos um esforço para enviar a literatura dos primeiros módulos com antecedência, já que a carga de leitura é muito grande, cerca de 300 páginas por módulo, perfazendo um total de 1.500 páginas.

 

5- Mudanças no curso e mudanças em curso

 

Algumas pequenas alterações na estrutura do curso já foram mencionadas, como a redução da carga horária e a inclusão de um módulo específico para tratar dos projetos. Contudo, a mudança mais significativa foi a de estado: a Fábrica de Idéias saiu da UCAM, no Rio de Janeiro, para a UFBA, uma universidade pública em Salvador, na Bahia. Essa mudança de estado implicou também o aumento do número de candidatos com graduação e com o curso de especialização provenientes do próprio estado.[2] Mas, qual o significado de tamanha demanda? Salvador, e o Nordeste de um modo geral, têm um pequeno número de cursos de pós-graduação, por isso mesmo, uma boa parte dos candidatos residentes nessa região necessitam de um curso que atenda àqueles candidatos com nível de graduação, caso contrário, somos obrigados a excluí-los, já que é grande o número de candidatos que estão na pós-graduação. Ademais, o Nordeste é, dentre as regiões do país, a que tem uma maior população negro-mestiça.

 

5.1– Curso de especialização em estudos afro-ameríndios e africanos

 

            Além do CEAO e dos programas de pesquisa A Cor da Bahia e o Pineb, a FFCH tem oferecido regularmente disciplinas nos cursos de pós-graduação e graduação em História e Ciências Sociais, cuja temática volta-se para os estudos afro-brasileiros, africanos e indígenas. Como resultado, temos uma significativa produção de monografias, dissertações e teses nos respectivos departamentos e pós-graduações.

            Apesar dessa considerável produção e do número de especialistas nos referidos departamentos, a UFBA apresenta uma demanda que extrapola essas duas áreas do conhecimento. Nas últimas décadas, vários são os alunos de graduação e, principalmente, da pós-graduação de outras áreas do conhecimento como Letras, Comunicação, Administração, Música que buscam mais conhecimento e aprofundamento de temas relacionados ao que poderíamos chamar de estudos afro-ameríndios e africanos. Esta demanda revela a busca de inserção de jovens pós-graduandos em áreas até então restritas, e revela que a dinâmica da sociedade brasileira introduziu novos approaches aos quais a nossa instituição precisa responder.

            Nessa demanda interna à nossa instituição, apresenta-se na nova conjuntura político-institucional a necessidade de cursos temáticos direcionados a professores da rede de ensino que terão, obrigatoriamente, temas transversais no ensino médio voltados para o ensino da cultura afro-brasileira e africana.

       Neste quadro, o oferecimento de um curso interdisciplinar envolvendo as áreas de Ciências Sociais, História, Literatura, Música e Comunicação proporcionará uma reconstrução de histórias e saberes, ainda dispersos e especializados, cujo eixos perpassam a diáspora africana e o desenvolvimento de processos culturais, sociais, históricos e políticos das populações afro-brasileiras e ameríndias.

            A formação de profissionais deverá partir de uma visão interdisciplinar através do exercício de capacitação para o exercício profissional e investigativo, no sentido de se obter diferentes perspectivas e enfoques sobre a problemática afro-ameríndia e africana. A formação deverá propiciar uma análise contextualizada. O curso contribuirá para a formação de intelectuais e profissionais de distintas disciplinas, visando à incorporação de conhecimentos que sinalizem para os aportes histórico-culturais contemporâneos no que se refere aos contextos latino-americano e africano.

            A realização deste curso de especialização e, mais adiante, de um curso interdesciplinar de pós-graduação, não significará a extinção do curso Fábrica de Idéias – que ficará como importante momento de dinamização e internacionalização do CEAO e da UFBA mais em geral.

 

 

5.2- Internacionalização da Fábrica de Idéias

 

Na sua primeira edição, a Fábrica de Idéias contou com a presença de dois alunos estrangeiros que foram informados sobre o curso através do Afro-Notícias, um informativo eletrônico com assinantes dentro e fora do país. Após avaliarmos positivamente a presença dos alunos estrangeiros no grupo, decidimos aceitar candidatos estrangeiros com a condição de que eles se financiassem. Aos poucos o interesse dos alunos estrangeiros foi crescendo e no ano passado tivemos a participação no curso de dois cubanos e de três colombianos. Diferente dos primeiros alunos estrangeiros, esses cinco foram beneficiados pelo apoio do SEPHIS. A partir de 2003, o Curso é autenticamente internacional, graças ao anúncio em inglês e português na homepage do programa SEPHIS e à circulação do concurso veiculado na África pelo CODESRIA de Dakar – com o qual o CEAO assinou um acordo de colaboração e intercâmbio em novembro de 2002. Em 2003 recebemos mais de 100 propostas do exterior.

Para atender a esta nova demanda internacional, assim como para desenvolver mais ainda o caráter internacional das atividades do projeto Fábrica de Idéias, o Curso proporcionará uma primeira e experimental sessão extra em língua inglesa. Este curso avançado extra terá a duração de duas semanas e deve acontecer em setembro de 2005. O tema é “Religion and Modernity” e visa enforcar como, em diferentes etapas da modernidade, a partir dos Grandes Descobrimentos, contextos diferentes têm reagido às novas solicitações criando movimentos na direção do sincretismo ou do fundamentalismo religioso. Já foram convidados especialistas do movimento garveysta nos EUA e no Caribe (Robert Hill, UCLA), da relação entre santeria e modernidade (Stephan Palmié, University of Chicago), da relação entre islã e mudança social (Amir Bayat, Universidade do Cairo) e dos novos e diversos movimentos de renovação islâmica na Indonésia e na Malásia (Goenawan Moehammad, Editor Chefe da Revista Tempo, Jacarta). Este nosso primeiro curso em inglês terá uma clientela de 25 alunos – sete dos quais escolhidos entre os cerca de 150 que freqüentaram as seis sessões do FI até então.

Além das atividades mencionadas, o Programa Fábrica de Idéias realiza as seguintes atividades:

·         Seminário internacional Youth in the Age of Development (20-22 de Junho de 2004)

·         Programa de traduções – para a publicação de textos didáticos para o ensino da nova disciplina historia e culturas africanas no escola secundaria que foi instituída por lei federal em 2002.

·         Intercâmbio Sul-Sul

·          Ciclo de debates e conferências

·         Colaboração na organização do curso de especialização em estudos etno-raciais e africanos no Centro de Estudos Afro-Orientais. Este curso deverá se transformar numa pós-graduação strictu senso a partir do final de 2004.

 

 

6- Perfil e seleção dos candidatos

 

Na primeira seleção do Fábrica de Idéias tivemos 70 inscritos, cerca de 80% dos alunos da primeira turma eram negros. É grande a presença feminina no curso, as mulheres somavam mais de 70% na primeira turma. Essa predominância de mulheres negras no curso tem sido uma constante e, embora tenhamos observado um aumento no número de homens inscritos e selecionados na última turma, a presença feminina ainda é majoritária.[3]

No que se refere à titulação dos selecionados, na primeira turma havia um grande número de doutorandos e um número menor de mestrandos, além de dois doutores. Nos dois anos posteriores, aumentou o número de mestrandos e reduziu um pouco o número de doutorandos. Diante disso, pensávamos na possibilidade de estarmos esgotando uma demanda reprimida, e que dado o pequeno número de alunos negros na pós-graduação, havia uma tendência de que os poucos candidatos negros estivessem no início do mestrado, o que implicaria uma mudança na ênfase do curso.

Os primeiros candidatos do Curso Fábrica de Idéias eram majoritariamente da área de Ciências Sociais, aos poucos fomos recebendo os alunos de História e Educação, e dentre os aprovados na seleção de 2003, são nove de Ciências Sociais, nove de História, seis de Educação, além de um selecionado na área de Literatura.

Ao longo desses seis anos tem havido um pequeno número de candidatos de outras áreas; contudo, a nossa maior dificuldade está no fato de que a maioria desses candidatos não apresenta a formação básica exigida para um curso que pretende ser um curso avançado em relações raciais. Temos observado, também, uma demanda crescente de candidatos que compreenderam a importância de incorporar a dimensão racial em suas pesquisas, mas que ainda têm refletido pouco sobre as relações raciais, além dos candidatos que concluíram a graduação ou que fizeram o curso de especialização.

Ainda que não explicitado no edital, o curso Fábrica de Idéias sempre manteve uma atenção especial aos candidatos negros e aos pós-graduandos residentes nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O resultado disto é que 70% dos alunos são negros.  Curiosamente, os candidatos negros tendem a mencionar a cor na carta de intenção e algumas vezes os orientadores destacam a cor dos seus candidatos.

Nesse sentido, podemos dizer que estamos fazendo ação afirmativa com base na cor e na região. Além disso, temos criado um clima de integração entre os alunos de diferentes cor, regiões e países, e isto tem funcionado bem. Essa experiência tem nos ensinado que a excelência e democracia acadêmica andam pari passu.

Chama a atenção o fato de a maioria dos alunos negros que estão na pós-graduação terem tido uma experiência de pesquisa, como bolsistas de iniciação ou como colaboradores de um projeto de pesquisa específico. É curioso como a atividade de pesquisa na graduação se traduz num estímulo prioritário para o ingresso na pós-graduação. Isso significa, para nós, que a melhor maneira de estimular a presença de alunos negros na pós-graduação é começar na graduação, permitido que os alunos negros participem dos centros de pesquisas das universidades.

No que se refere à escolaridade dos pais, observamos que a maioria dos alunos negros têm pais com escolaridade mais baixa que os pais dos alunos brancos. Na turma de 2001, 14 pais tinham o ensino fundamental (até 8 anos de estudos), três eram analfabetos, dois tinham o secundário, quatro tinham o superior incompleto e três não responderam. Curiosamente, os pais dos alunos que se autodeclaravam brancos e pardos tinham o curso superior incompleto. Os dados de 2001 são bastante representativos do que ocorre nos outros anos.

Como conseqüência da baixa escolaridade, observamos que a maioria dos alunos negros têm pais trabalhadores manuais, conforme apresentamos na tabela abaixo:

 

Tabela I – Ocupação dos pais da turma de 2001

Mãe

Pai

Costureira – 02          

Mecânico – 01

Comerciante – 02      

Aposentado magarefe – 01

Pediatra – 01 

Advogado – 02

Enfermeira – 01

Funcionário Público – 01

Pedagoga – 01           

Engenheiro – 01

Dona de casa – 04

Marceneiro aposentado – 01

Doméstica – 03

Cabo da PM – 01

Aposentada – 01

Militar – 01

Doméstica aposentada – 02

Micro-empresário – 01

Cozinheira aposentada – 01

Representante comercial – 01

Bibliotecária – 01

Pedreiro aposentado - 01

Professora – 01

Servente de Pedreiro - 01

Lavadeira – 01          

Portuário – 01

                       

Pintor de aeronaves - 01

 

Médico – Epidemiologista - 01

 

Mestre de obras – 01

 

Comerciante – 01

 

Aposentado – 01

Não respondeu – 03  

Não respondeu – 05

 

 

7- A quinta edição do curso Fábrica de Idéias

 

Em 2002, o curso Fábrica de Idéias foi o resultado de uma parceria entre o CEAO (Centro de Estudos Afro-Orientais) e o CEAB (Centro de Estudos Afro-Brasileiros) da Universidade Candido Mendes. O curso ocorreu durante o mês de julho em Salvador e contou com a participação de dois professores estrangeiros (Achile Mbembe e Fernando Urrea), além de 23 alunos brasileiros e seis alunos estrangeiros (dois cubanos, três colombianos e uma argentina residente no Brasil ).

            Dentre os alunos selecionados em 2002 tivemos três mestres, treze mestrandos, sete doutorandos e seis alunos estrangeiros, uma das quais residia no Brasil. Entre os nacionais, foram dezoito mulheres e cinco homens e, dentre os estrangeiros, foram três mulheres e dois homens. Do ponto de vista da autodeclaração da cor, oito pessoas se autodeclararam pretos, oito negros, quatro brancos, um pardo, uma mulata, um mestiço, um moreno, um marrom claro e quatro não declararam. De acordo com a classificação do IBGE, foram quinze pretos, sete pardos, cinco brancos e dois não declararam. No que se refere à idade, a turma de 2002 foi bastante heterogênea: o mais jovem tinha 24 anos e o mais velho 63; contudo, a maioria da turma tinha em torno dos 35-40 anos.

            Diversos estudos na área de Educação têm mencionado o aumento da escolaridade da população brasileira. Corroborando esses dados, a maioria dos pós-graduandos do curso têm pais com escolaridade bem mais baixa do que eles, conforme pode ser observado na tabela abaixo:

 

Tabela II – Escolaridade dos pais dos alunos brasileiros de 2002

Escolaridade

Mãe

Pai

Nível fundamental

15

13

Nível secundário

5

8

Superior incompleto

1

 

Superior completo

1

 

Não respondeu

1

1

           

A menor escolaridade dos pais com relação aos filhos se repercute nas ocupações, sobretudo no que se refere às mulheres: 60% das mães, 14 delas são donas-de-casa.

 

Tabela III - Ocupação dos pais dos alunos da turma de 2003

Ocupação

Mãe

Pai

Donas-de-casa

14

 

Professor (a)

2

1

Vendedor (a)

1

2

Agricultor (a)

1

2

Desenhista arquitetônico

 

1

Metalúrgico

 

2

Costureira

 

1

Ferroviário

 

1

Funcionário (a) Público (a)

1

 

Bancário (a)

 

1

Contador

1

 

Pequeno comerciante

 

2

Marceneiro

 

1

Industriário/petrobrás

 

1

Pedreiro

 

1

Auxiliar de enfermagem

1

 

Operário

 

2

Eletricista

 

1

Litógrafo

 

1

Bibliotecária

1

 

Alfaiate

 

1

Assistente social

1

 

 

            No que se refere à religiosidade, observamos que a maioria dos alunos é católico, dez dentre os 23 alunos brasileiros. Chamou a nossa atenção o fato de que apenas 40% dos católicos se declaram praticantes da religião; enquanto aqueles que declaram outras religiões – 4 são do candomblé, 1 protestante, 1 agnóstico, 1 espírita e 3 não responderam a questão, invariavelmente assinalam que são praticantes da religião mencionada.

            Perguntamos também aos alunos sobre a participação deles em projetos de pesquisa, apenas quatro deles responderam que não e dezenove disseram que sim. A pergunta sobre a participação em alguma organização do movimento social foi respondida positivamente por dezoito alunos, dentre eles onze responderam que a organização que eles participam é integrante do movimento negro.

            A avaliação do curso foi positiva para todos os alunos, eles destacaram a importância do intercâmbio dos alunos de diferentes regiões e países, mencionaram que a partir da experiência no curso Fábrica de Idéias ampliaram suas perspectivas sobre as relações raciais, mas criticaram a falta de espaço e tempo para que eles pudessem discutir um pouco mais sobre os temas tratados e sobre os seus próprios projetos.

 

8- A  sexta edição do curso em 2003

 

A partir de agora, passamos a fazer algumas considerações sobre o VI Curso Fábrica de Idéias, realizado no período compreendido entre 21 de julho a 8 de agosto de 2003. Uma questão que merece destaque neste ano com relação aos anos anteriores é o aumento expressivo do número de candidatos (quase 300), bem como a ampliação do número de vagas e a abertura de vagas específicas para alunos estrangeiros. Em 2003 ampliamos o número de alunos para quarenta, dos quais quinze são estrangeiros e 25 brasileiros. Abaixo apresentamos o perfil dos alunos e as respectivas áreas em que atuam.

 

 

 

 

 

 

 

 

O Curso Fábrica de Idéias, ao longo desses seis anos tem realizado uma avaliação através de questionários; neles os alunos avaliam cada módulo e sugerem temas e professores para participarem do curso. Temos observado que a crítica mais freqüente dos alunos ao curso diz respeito ao pouco espaço dedicado para a apresentação e debate dos projetos de pesquisas por eles desenvolvidos; do mesmo modo, temos observado o curto espaço de tempo que os alunos têm para visitar bibliotecas e livrarias na cidade em que o curso se realiza. Sem desmerecer estas críticas, temos insistido num modelo em que dedicamos as manhãs da primeira semana para a apresentação dos projetos, e temos preenchido todo o tempo da estadia deles com aulas e palestras. Contudo, ao tentar realmente contribuir para a incorporação dos temas tratados pelo curso em suas próprias pesquisas, nos damos conta da necessidade de alterar este modelo inicial e pensarmos formas criativas tanto no sentido de atender a esta constante demanda dos alunos como de confrontar os desafios de um curso sobre estes temas e com este público alvo que tenta se tornar verdadeiramente internacional.

 

 

9- A sétima edição do Fábrica de Idéias em 2004

 

Em 2004 recebemos cerca de trezentas candidaturas para o Curso. Acreditamos que não tivemos um número maior de inscritos, pelo fato de termos enfatizado, durante o processo seletivo, que o curso seria ministrado apenas em língua espanhola e portuguesa (para atendermos à crescente demanda proveniente de outras regiões do mundo, pretendemos criar uma sessão extra e experimental em inglês para o ano de 2008). Assim, contemplamos candidatos do Nordeste, Norte e Centro-Oeste do Brasil, assim como do resto da América latina, do Caribe e da África, dando prosseguimento à nossa política de fomento aos intercâmbios Sul-Sul.

Foram selecionados vinte e cinco alunos brasileiros e 15 estrangeiros. Entre estes últimos, tivemos o prazer em receber quatro africanos, oito latino-americanos, dois caribenhos e um da América Central.

 

Alunos estrangeiros selecionados para o Fábrica de Idéias 2004

Nacionalidade

1. Armindo Aguiar

São Timonense

2. Maria de Fátima Viegas

Angolana

3. Adolfo Albán

Equatoriana

4. Illias Alfama Vaz

Cabo-verdiana

5. Franklin Gerly

Colombiana

6. Maritza Lopez

Colombiana

7. Ramiro Delgado

Colombiana

8. Ileana Mercedes Hodge

Cubana

9. Julio Corbea

Cubana

10. Maria Alexandra Ocles

Equatoriana

11. Marco Antonio Reyes

Mexicana

12. Mario Alberto Rufer

Argentina

13. Patrício Langa

Moçambicana

14. Luis Enrique Rivera

Peruana

15. Chanzo Greenidge

Trinidad

 

Em que pese à densa carga horária do curso (40 horas semanais), os alunos continuaram motivados durante as quatro semanas do evento. Este fato nos dá a certeza de que a conjugação entre a excelência e o rigor acadêmico são os principais traços que fazem do Curso Fábrica de Idéias experiência singular no mundo acadêmico no contexto dos Estudos Avançados das Relações Raciais e da Cultura Negra.

O Curso constou de aulas expositivas, grupos de estudos, além de palestras e seminários temáticos. Os alunos participaram ativamente, através das discussões e do acompanhamento do programa de leituras em caráter de um curso intensivo, bem como das intervenções apropriadas nos debates. A permanência dos mesmos esteve condicionada a avaliações semanais que levaram em conta freqüência, interesse, rendimento em cada um dos módulos, entrosamento e participação.

O VII Fábrica de Idéias foi realizado no Centro de Estudos Afro-orientais da UFBA, em Salvador, Bahia, entre 2 a 28 de agosto de 2004, e contou com a participação ativa de professores doutores com reconhecida experiência internacional. Os seis módulos temáticos foram:

¨ 1. Discussão dos projetos de pesquisa dos participantes - Angela Figueiredo (Instituto de Saúde Coletiva da UFBA e Fábrica de Idéias)
¨ 2. Teorias da etnicidade: continuidades e rupturas - Maria Rosário de Carvalho (UFBA)
¨ 3. Colonialismo, nação, ´raça´ na historia de Moçambique - Tereza Cruz e Silva (Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique) e Valdemir Zamparoni (UFBA)
¨ 4. Raça', sexualidade e saúde reprodutiva - Coordenação: Estela Aquino e Ângela Figueiredo (Instituto de Saúde Coletiva da UFBA)
¨ 5. Identidade étnica, racismo e religiões afro-brasileiras - Coordenação: Jocélio Teles dos Santos e Luis Nicolau (UFBA)
¨ 6. Teorias pos-coloniais: uma perspectiva caribenha - Augustin Lao (University of Massachusetts at Amherst).

Atendendo a uma demanda dos alunos nos anos anteriores tivemos como maior novidade do curso em 2004, o acréscimo de mais uma semana na nossa programação. Assim, tivemos três semanas de aulas e mais uma semana exclusivamente para a discussão dos projetos dos 40 alunos.

 

10- A oitava edição em 2005

A oitava edição do Fábrica de Idéias foi um sucesso. Isto pôde ser percebido não somente pela coordenação, ou pelos competentes professores convidados, mas também pela contribuição dos estudantes durante as três semanas do evento. Para esta edição, foram selecionados vinte estudantes brasileiros e dez estrangeiros da América Latina e África. Três destes já tinham concluído o doutorado e sete o mestrado.

 

QUADRO 1 – ESTUDANTES ESTRANGEIROS EM 2005

Estudantes estrangeiros selecionados para o Curso Fábrica de Idéias em 2005

 

 

Instituição

 

Nacionalidade

 

Nivel

 

1. Bernardo Enrique Rozo López

 

 

CIDES-UMSA

 

Boliviana

 

Mestrado

 

2. Ebenezer Adedeji Omoteso

 

Universidade

Obafewi Awolowo

Nigeriana

Ph.D

 

3. Elisabeth Gomez Etayo

 

 

Colombiana

Mestrado

4. Humberto Alfredo Rodriguez Sequeiros

 

Faculdade Católica de Ciêncais Sociais

Peruano

Mestrado

5. Inge Valencia Pena

 

Université Sorbonne Nouvelle Paris III

Colombiana

Mestrado

6. Jean Moustapha

 

CheiBh Anta Diop University

Senegalesa

Ph.D

7. Jhon Antón Sanches

 

Flacso- Equador

Equatoriana

Ph.D

8. Paola Vargas

 

 

Mexicana

Mestrado

 

9. Pedro Alexandra Cubas Hernández

 

Universidade de Havana

Cubana

Mestrado

10. Salvador Vasquez Fernandez

 

Instituto de Investigaciones Dr. José Maria Mora

Mexicana

Maestrado

 

 

Para este ano, doze professores foram convidados a ministrarem os cursos. Entre eles, quatro estrangeiros e oito brasileiros. Quatro dos professores brasileiros foram convidados como associados. Estes exerceram uma função de extrema significância, pois estiveram imbuídos na tarefa de orientar os estudantes em seus projetos individuais através de discussões durante a última semana do curso.

Percebemos que esta oitava edição do Fábrica de Idéias foi muito diferente das anteriores, isto porque algumas mudanças implementadas, para melhorar as atividades e o índice de aproveitamento, foram testadas pela primeira vez e propiciaram resultados muito significativos. Como os estudantes mesmos haviam sugerido nas avaliações de cursos anteriores, a coordenação escolheu um tema específico para o colóquio – “Biografias e Genealogias no Pensamento Negro na África, Caribe, América do Norte e Brasil”. O objetivo principal desta decisão foi estabelecer uma relação entre os módulos dos professores. Além do mais, os estudantes teriam uma compreensão global acerca dos propósitos do curso.

Logo, a partir de diferentes pontos de vista, foram analisadas as contribuições de intelectuais negros da África, Estados Unidos, Caribe e Brasil. Muitos autores como Amílcar Cabral, Aimé Cesaire, Franz Fanon, Du Bois, Lima Barreto foram discutidos conectadamente (confira no website www.ceao.ufba.br/fabrica). Sobretudo os alunos brasileiros e latinos, ficaram surpresos em ouvir, pela primeira vez, sobre importantes biografias e contribuições de autores não-familiares a eles. Como conseqüência, tivemos um curso muito produtivo e isso pôde ser percebido nos rostos dos estantes, nas perguntas entusiásticas e nos diálogos prolongados mesmo após as aulas. Estes foram os motivos os quais nos fizeram entender o quão importante foi a escolha de um tema específico para o progresso do curso.

Além do mais, a escolha de um tema específico modificou o modo através do qual os alunos foram selecionados. Aqueles que se inscreveram para a oitava edição do Fábrica de Idéias tinham projetos similares ao tema central do curso. Como resultado, professores e estudantes estiveram envolvidos num rico ambiente de aprendizagem.

O Fábrica de Idéias tem sido reconhecido como experiência única no mundo acadêmico, no sentido de sua contribuição e discussão, em nível avançado, no que concerne ao tema das relações raciais e diáspora africana entre estudantes e pesquisadores das mais variadas regiões e países do mundo.

 

 

11- Fábrica de Idéias 2006

 

A nona edição do Curso Internacional Fábrica de Idéias aconteceu no Centro de Estudos Afro-Orientais em Salvador e na cidade colonial de Cachoeira, situada a duas horas da capital baiana, no período de 31 de julho a 18 de agosto de 2006. Neste ano, o tema do curso foi: “O Atlântico Negro – a circulação transatlântica das Idéias de Raça, Racismo e Anti-racismo”.

O convite a professores proeminentes, no tema das Relações Raciais e Diáspora, foi um ponto-chave para a qualidade experienciada nesta edição.  Todos eles são famosos mundialmente por suas de performances acadêmicas de excelência. Paul Gilroy é um ícone dentro do pensamento negro no que concerce à Diáspora Africana. Walter Mignolo é uma das vozes mais poderosas na América Latina no que tange ao tema da Geopolítica do Conhecimento e sua Epistemologia. De África tivemos a participação de Elisio Macamo: um reconhecido filósofo e sociólogo de temas africanos na contemporaneidade. Vron Ware introduziu aos estudantes brasileiros o conceito de branquidade, algo extremamente distinto à abordagem das relações raciais no Brasil. E finalmente, Mark Sawyer deu um curso sobre a história das ações afirmativas nos EUA. É a necessidade de internacionalizar o debate racial que nos estimula a convidar, em todos os anos, professores estrangeiros.

 

 

QUADRO DOS PROFESSORES DO FABRICA DE IDÉIAS EM 2006

 

 

PROFESSORES

 

INSTITUIÇÕES

 

TÍTULO DO MÓDULO

 

1.Paul Gilroy

Instituto de Economia de Londres/

Inglaterra

 

“Atlântico Negro: racismo e anti-racismo”

 

 

2.Walter Mignolo

 

Universidade de Duke

“Articulação das Idéias Raciais no Mundo Ibérico”

 

3.Elísio Macamo

 

Universidade de Bayreuth / Alemanha

  Universidade Eduardo Mondlane/

Moçambique

 

“O Atlântico Negro visto pelos africanos”

 

 

4. Mark Sawyer

 

 

Universidade de North Western/

                  EUA

 

“Teorias Raciais, Raça e Anti-racismo nos EUA”.

 

5. Vron Ware

 

 

Instituto de Economia de Londres/

Inglaterra

“Branquidade”

6.Livio Sansone

Universidade Federal da Bahia

 

“O Brasil no Atlântico Negro”.

 

 

 

Novamente incluímos em nosso grupo docente professores associados que auxiliaram na discussão e enriquecimento dos projetos de pesquisa dos estudantes.

 

TABELA 2 – PROFESSORES ASSOCIADOS EM 2006

PROFESSORES (AS)

INSTITUIÇÃO

MÓDULO

1.Angela Figueiredo

Universidade Federal da Bahia/Brasil

Análise dos Projetos

 

 

 

 

2. Valdemir Zamparoni

 

 Universidade Federal da Bahia/Brasil

Análise dos Projetos

 

3. Maria do Rosário

 

Universidade Federal da Bahia e Universidade do Estado da Bahia/Brasil

Análise dos Projetos

 

 

Uma vez que o curso é primordialmente restrito aos estudantes selecionados, tornou-se necessário expandir o nosso programa a um publico maior. O sucesso deste projeto é tão tremendo, que o público acadêmico formalmente solicitou algum tipo de participação. Por essa razão, a coordenação organizou um ciclo de cinco palestras públicas e dois workshops no seio do Fábrica de Idéias.

 

TABELA 3 – PALESTRAS COMO EXTENSÃO DO FÁBRICA DE IDÉIAS 2006

 

PROFESSOR
INSTITUIÇÃO

TITULO

1. PAUL GILROY 

 

Instituto de Economia de Londres/

Inglaterra

“O que é racismo hoje?”

2. ELISIO MACAMO
 

 

Universidade de Bayreuth/
Alemanha
Universidade Eduardo Mondlane/
Moçambique

 

“Intelectuais africanos e o Atlântico Negro”

3. DIONISIO BOBO SOARES
 
 
 
Universidad da Paz – Dili/ Timor-Leste

 

“O Desenvolvimento do Sistema Judicial no Timor-Leste”.

 

4. CARLOS DEGREGORI 
 
 
 
IEP /
Lima, Peru

 

“Racismo e Política: os Movimentos Sociais no Perú”

 

 

 

 

 

TABELA 4 – WORKSHOPS COMO EXTENSÃO DO FÁBRICA DE IDÉIAS EM 2006

 

1. Ramon Grosfoguel

 

Universidade de Califórnia- Berkeley

 

“A construção das idéias de Raça e Etinicidade em diferentes cidades globais”

 

2. Elisio Macamo

 

 

Universidade de Bayreuth, Universidade Eduardo Mondlane

 

“Os paradoxos de uma dupla consciência – África e Africanos”

 

 

 

Em 2006 foram selecionados 28 estudantes para uma fabulosa troca de Idéias entre pessoas de diferentes nacionalidades. Dentre os estrangeiros, a maioria veio de Sul exceto uma estudante de PhD que era da América do Norte. Devido aos escassos recursos, nesta edição os estrangeiros tiveram que pagara pela própria passagem, o que obviamente limitou a participação. De toda forma participaram oito estudantes estrangeiros.

 

 

TABELA 5 – ALUNOS ESTRANGEIROS SELECIONADOS EM 2006

Estudantes não-brasileiros selecionados para o Fábrica de Idéias em 2006.

 

Instituição

 

Nacionalidade

 

Nível

 

Obs

1. Ásia Leeds

Universidade de Califórnia Berkeley-UCLA

EUA

 

Americana

 

Mestrado

 

 

2. José Antônio Caicedo Ortiz

Universidade do Valle-Colômbia

Colombiana

Mestrado

 

3. Juan Camilo Rotundo

Potifícia Universidade Haveriana-Colômbia

Colombiana

Mestrado

 

4. Lourdes Patricia Iñiguez Torres

Colégio de Mexico-México

Mexicana

Mestrado

 

5. Palmira Tjipilica

Universidade Católica de Angola-Angola

Angolana

Mestrado

 

6. Sergio Mosquera

Universidade External de Colômbia-Colômbia

Colombiana

Mestrado

 

7. Sandra Felix Manuel

Universidade de Cape Town-África do Sul

Moçambicana

Mestrado

 

8. Sueli Messeder

Universidade de Santiago de Compostela-Espanha

Espanhola

Mestrado

 

 

 

Os estudantes ficaram maravilhados quanto o elevado background dos professores e afirmaram, na avaliação final feita por eles mesmos, que o fato de estarem em contato com estes, motivou seus interesses em aprofundarem o conhecimento acerca das teorias de relações raciais e lutarem por um mundo mais justo. Esta foi mais uma oportunidade para discutirmos as perspectivas das relações raciais numa sociedade desigual e em transformação.

 

Módulos Temáticos

 

1998

-                      Novas Tendências em Estudos Étnicos: Uma Introdução – Prof. Dr. Hans Vermeulen (Universidade de Amsterdan)

-                      Repensando Raça na América Latina - Prof. Dr. Peter Wade (Universidade de Manchester)

-                      Culturas Negras e Arranjos Familiares – Prof. Dr. Louis Herns Marcelin (Universidade de Miami)

-                      Relações Raciais e Globalização - Prof. Dr. Ramon Grosfoguel (Universidade de Binghamton)

-                      Sistemas Classificatórios e Políticas Sociais em Sociedades Multirraciais – Prof. Dr. Antonio Sergio Guimarães (Universidade de São Paulo)

-                      Estrutura Produtiva e Característica da Força de Trabalho na América Latina – Prof. Dr. Edward Telles (Fundação Ford)

-                      Sexo e Gênero, Raça e Etnicidade – Profª Drª Rita Laura Segato (Universidade de Brasília)

-                      Etnomusicologia: Músicas Negras e Ritmos Urbanos - Prof. Dr. José Jorge de Carvalho (Universidade de Brasília)

 

1999

-                      Estrutura Produtiva e Característica da Força de Trabalho – Profª Drª Nádia Castro (CEBRAP)

-                      Repensando Raça na América Latina – Prof. Dr. Michel Agier (CNRS/ORSTOM)

-                      Relações Raciais e Globalização – Prof. Dr. Livio Sansone (CEAA/UCAM)

-                      Relações Raciais Comparadas: Novas Tendências em Estudos Étnicos – Prof. Dr. Fernando Rosa Ribeiro (Consultor do CEAA)

-                      Saúde Reprodutiva e Relações Raciais - Prof. Dr. Sergio Carrara (IMS/UERJ); Prof Dra. Maria Inês da Silva Barbosa (UFMT); Profa. Dra. Elza Berquó (CEBRAP, NEPO/UNICAMP); Profa. Dra. Olívia Cunha (IFCS/UFRJ); Prof. Dr. Gilberto Hochman (Casa de Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz) e Profª Edna Roland (Fala Preta!)

 

2000

-                      Estrutura Produtiva e Característica da Força de Trabalho – Profª Drª Nadya Guimarães (USP e CEBRAP)

-                      Gênero, Cor e Ciências Sociais – Profª Drª Mariza Corrêa (UNICAMP)

-                      Temas do Pensamento Negro na África e nas Américas – Prof. Dr. Jean Rahier (Florida International University, Miami)

-                      Novas Tendências em Estudos Étnicos e Raciais – Prof ª Drª Giralda Seyferth (MN/UFRJ)

-                      Saúde Reprodutiva e Relações Raciais – Prof. Dr. Gilberto Hochman (FIOCRUZ), Profª Maria Inês da Silva Barbosa (UFMT)

 

2001

-                      Saúde e Relações Raciais: Uma Abordagem Interdisciplinar – Profª Drª Simone Monteiro (Instituto Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz)

-                      O Príncipe do Povo e os Cidadãos. A História das Relações Raciais e a Construção da Cidadania no Brasil – Prof. Dr. Eduardo Silva (Fundação Casa de Rui Barbosa)

-                      Histórias, Memórias, e o Lugar de Onde se Fala nas Representações sobre a África. – Prof. Dr. Jean Rahier (Florida International University, Miami)

-                      Relações Raciais e Globalização – Prof. Dr. Ramon Grosfoguel (Boston College/University of California at Berkeley)

-                      Gênero, Família e Comunidade: Os Novos Debates na Comunidade Afro-Americana nos Estados Unidos – Prof. Dr. Michael Hanchard (Northwestern University)

 

2002

-                      Relações Inter-Étnicas. Novas Tendências em Estudos Étnicos e Raciais – Prof ª Drª Giralda Seyferth (MN/UFRJ)

-                      Raça, identidade étnica e saúde reprodutiva: Metodologia quantitativa e qualitativa. Prof. Dr. Fernando Urrea, Universidad del Valle, Cali, Colombia

-                      Sociologia da Negritude e do Pan-Africanismo. Prof. Dr. Achille Mbembe (University of Witwatersrand, Joanesburgo, África do Sul)

-                      Raça, Gênero, Saúde e Sexualidade. Coordenadora: Prof ª Drª Márcia Lima (UCAM)

-                      Identidade Étnica, Relações Raciais na Escravidão e na Emancipação – Prof. Dr. Ubiratan Castro (UFBA)

 

2003

-                      Teorias da Etnicidade e o Pensamento Racial no Brasil: Novas Tendências em Estudos Étnicos e Raciais – Prof ª Drª Giralda Seyferth (MN/UFRJ)

-                      Raça, Sexualidade e Saúde Reprodutiva - Prof ª Drª Mara Viveiros (Universidad Nacional, Bogotá/Colômbia)

-                      Teorias Pós-Coloniais: Uma Perspectiva Africana - Prof. Dr. Achille Mbembe (University of Witwatersrand, Joanesburgo, África do Sul)

-                      Identidade Étnica e Racialização: Tendências e Debates em Torno da Globalização. Relações Raciais e Globalização – Prof. Dr. Ramon Grosfoguel (University of California at Berkeley)

-                      Identidade Étnica, Escravidão e Liberdade - Prof. Dr. João José Reis (UFBA).

 

2004

Discussão dos projetos de pesquisa dos participantes - Angela Figueiredo             (Instituto de Saúde Coletiva da UFBA e Fábrica de Idéias)

-  Teorias da etnicidade: continuidades e rupturas - Maria Rosário de Carvalho (UFBA)

-  Colonialismo, nação, ´raça´ na historia de Moçambique - Tereza Cruz e Silva (Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique) e Valdemir Zamparoni (UFBA)

 -  Raça', sexualidade e saúde reprodutiva - Coordenação: Estela Aquino e Ângela Figueiredo (Instituto de Saúde Coletiva da UFBA)

  -  Identidade étnica, racismo e religiões afro-brasileiras - Coordenação: Jocélio Teles dos Santos e Luis Nicolau (UFBA)

   -  Teorias pos-coloniais: uma perspectiva caribenha - Augustin Lao (University of Massachusetts at Amherst).

 

2005

  - Teorias de identidades étnicas: continuidades e rupturas – João de Pina Cabral (Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa);

 

 -Pensadores africanos - Carlos Lopes (Nações Unidas);

 - Pensadores caribenhos – Nelson Maldonado (Universidade da Califórnia, Berkeley);

- Pensadores afro-americanos – Lewis Gordon (Universidade de Temple);

- Pensadores afro-brasileiros – módulo ministrado por cinco pesquisadores brasileiros;

- Discussão dos projetos de pesquisa dos participantes – Ângela Figueiredo (pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais-UFBA, e Fábrica de Idéias).

 

 

2006

- Branquitude - Vron Ware, London School of economics (LSE)

- Atlântico negro: racismo e anti-racismo – Paul Gilroy, London School Economic (LSE);

- Articulação das idéias raciais no mundo Ibérico - Walter Mignolo, Duke University;

- O Atlântico negro visto pela África – Elísio Macamo , Universidade Eduardo Mondlane;

- O Brasil no Atlântico Negro – Livio Sansone (UFBA);

- O Teorias raciais, racismo e anti-racismo nos Estados Unidos. – Mark Sawyer-University of Califórnia at Los Angeles (UCLA)

 



[1] EXALTAÇÃO, Edmeire et alii (1998). Caminhos e sonhos: Percurso social e construção de identidades de negros pós-graduandos no Brasil, Rio de Janeiro, mimeo. P.13.

[2] É interessante mencionar que tanto o antigo CEAA, atual CEAB (Centro de Estudos Afro-Brasileiros), quanto o CEAO (Centro de Estudos Afro-Orientais), sempre funcionaram como um lugar de referência de pesquisa e de encontro da população negra.

 

[3]Em 2003 foram aprovados 10 homens e 15 mulheres entre os candidatos brasileiros.